Segundo a empresa, um dos segmentos que apresentou queda no ano passado foi o de smartphones

O mercado de telecomunicações, que sofreu uma queda de 9,7% na receita em 2022, comparado com o ano anterior, deve se estabilizar em 2023. É isso que aponta a análise da GfK, divulgada antes do Mobile World Congress (MWC), que acontece em Barcelona na próxima segunda-feira (27).

Segundo Jan Lorbach, especialista da GfK para a indústria de telecomunicações, os efeitos de saturação do setor em 2022 já era previsto graças as fortes vendas nos anos de pandemia, gerando o enfraquecimento adicional do mercado chinês, impactando os resultados.

Um dos segmentos que apresentou queda foi o de smartphones, incluindo os phablets (uma junção de telefone com tablet). De janeiro a dezembro de 2022, o segmento registrou uma queda de 9,1%, totalizando 908 milhões de unidades vendidas, resultando em uma queda de receita de 10,2%, para US$ 330 bilhões.

Com o estreitamento do orçamento dos consumidores, quem impulsionou o mercado em 2022 foram, praticamente, os grupos de média e alta rendas. De acordo com a análise, esses dois conjuntos de consumidores foram responsáveis por 48% das compras de smartphones no último ano, representando um aumento de 4% em relação a 2021, fazendo com que a demanda por aparelhos premium também aumentasse. Um dos exemplos é a receita dos modelos 5G, que cresceu 1,2% de janeiro a dezembro de 2022 em relação ao ano anterior.

O mesmo se aplica aos dispositivos com maior armazenamento, como os smartphones com capacidade superior a 256 GB, que registraram um aumento de 19% e representaram 41% da receita total do mercado. Apesar disso, o número total de compras deste segmento diminuiu em 2022 e, segundo o levantamento, uma das razão para isso pode ser pelo fato de as pessoas manterem seus smartphones por mais tempo.

Dados da gfknewron Consumer mostraram que, de janeiro a setembro de 2018, apenas 48% dos consumidores usaram seus smartphones por dois anos ou mais, mas essa participação aumentou para 57% no mesmo período de 2022 (um aumento de mais 9 pontos percentuais). O fato pôde ser observado especialmente na Geração Z (15 a 25 anos), onde a participação agora é de 14 pontos percentuais acima da média, e um dos motivos para isso é devido a relação da geração mais jovem com temas como a sustentabilidade e o consumo consciente.

Outro segmento que "sobreviveu" a 2022 foi o de wearable, que consistem em dispositivos tecnológicos que podem ser usado como acessório ou que podemos vestir, como é o caso dos smartwatches e fones via bluetooth.

Com receita de US$ 13,9 bilhões, o mercado de wearables alcançou quase o mesmo nível em 2022 do que no ano anterior (menos 1,1% em relação a 2021).

De acordo com o levantamento, essas mudanças foram impulsionadas pelo aumento da demanda do consumidor por um controle mais detalhado de sua saúde, por meio de recursos inteligentes. Assim, os wearables com recurso de rastreamento do sono (mais 4%) ou sensores de oxigênio no sangue (mais 20%) apresentaram forte crescimento.

Outros tópicos importantes para o MWC são os de realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR) e o metaverso. Embora a conscientização e as discussões sobre o metaverso aumentem, as vendas no varejo de headsets de realidade virtual no mercado europeu caíram 15% ano a ano em 2022, resultando no primeiro declínio do segmento, uma vez que o mercado registrava crescimento de dois dígitos há alguns anos.

Expectativas para 2023
Os especialistas da GfK preveem que 2023 será mais forte para o mercado global de telecomunicações em comparação com 2022. Regionalmente, espera-se que a China se recupere novamente e impulsione significativamente o crescimento do mercado global. Além disso, os desenvolvimentos nas três principais categorias de produtos deverão ter um impacto positivo em 2023.

No caso dos smartphones, embora os ciclos de substituição estejam se estendendo, as compras de itens deste segmento feitas no auge da pandemia — em 2020 e 2021 — estão entrando na janela do ciclo de renovação esperado este ano. Já em wearables, a próxima geração de sensores Health Tracking deve impulsionar o mercado, além de ser esperado um crescimento positivo da receita dos smartwatches.  

No caso dos itens de AR e VR, espera-se que estes se torne mais tangível e cresçam em áreas além dos games

“A inovação impulsionará ainda mais a demanda do consumidor. Especialmente em tempos em que o tempo de uso dos smartphones está se estendendo e os orçamentos são apertados, os consumidores, mais do que nunca, estarão valorizando seu dinheiro”, completou Lorbach.