A Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais) divulgou nesta quarta-feira (27) uma carta aberta defendendo a permanência de Manoel Rangel como diretor-presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema). O documento é direcionado à ministra da Cultura, Marta Suplicy, que optou pela recondução de Rangel à chefia da entidade.
Se a recondução de Rangel for aprovada – a presidente Dilma Rousseff já deu sinal verde, mas ele ainda será sabatinado no Senado -, terá início seu terceiro mandato à frente da Ancine. A ministra justificou sua opção pela recondução por que Rangel acompanha o projeto de reformulação da agência e porque tem o apoio de grandes cineastas.
A carta – assinada por Leyla Fernandes, presidente do conselho da Apro – pede que Rangel permaneça à frente da entidade. “O balanço de tudo o que a Ancine e sua atual diretoria fizeram pelo audiovisual brasileiro dispensa qualquer comentário. Mexer no time, agora, seria retroceder ou caminhar mais devagar em um momento de arrancada e grandes oportunidades para o país”, escreveu.
Veja abaixo a íntegra do texto:
“Valorizamos as conquistas
Se existe uma coisa que a sociedade e os empresários brasileiros temem, é a chamada dança das cadeiras no governo. O exaustivo trabalho de recomeçar é assustador e quase sempre desnecessário.
Falamos aqui da Ancine. A maioria dos produtores paulistanos apoia as recentes declarações da Ministra da Cultura Marta Suplicy sobre a necessidade da permanência do seu atual presidente. A ministra em entrevista ao jornal Valor elogia a elegância do presidente por ter consciência que seu mandato terminou, mas afirma que, em face das importantes mudanças ocorridas no setor, na Agência e no Fundo Setorial do Audiovisual com a Lei 12.485 é necessária e desejável a sua permanência por mais um período. Sabemos que o assunto é de decisão da Presidenta da República, mas nos permitimos aqui exprimir nossa opinião.
A Ancine, sob o comando de Manoel Rangel e dos diretores Glauber Piva, Vera Zaverucha e Rosana Alcantara, vem fazendo um trabalho exemplar, sob as diretrizes da Presidenta Dilma Rousseff.
Esse grupo, e os diretores que ali estiveram antes, lutou dia após dia, durante a permanência de cada um deles na Agência, para a aprovação da Lei 12.485, e conseguiu.
A lei conhecida como a “lei da TV paga” veio para consolidar a indústria do audiovisual e ampliar a diversidade e pluralidade à disposição da sociedade brasileira, trazendo em seu bojo uma importante demanda de trabalho para as empresas brasileiras, técnicos e artistas de norte a sul do Brasil.
Sonhamos com esse acontecimento, lutamos por ele, fomos solidários, fizemos junto com a diretoria da Ancine e muitos dos seus servidores, um bloco coeso e eficiente que junto com outros setores da sociedade, senadores, deputados e governo federal, obteve esta importante conquista para o país.
Agora que a lei está sendo implementada, quando encontramos uma ministra disposta a abolir a burocracia desnecessária e reforçar a Agência para ampliar sua capacidade de resposta, mexer as cadeiras e recomeçar com um novo presidente parece-nos um transtorno dispensável à sociedade.
Além da aprovação da Lei 12.485, tivemos ainda a aprovação da Lei 12.599 que cria o Programa Cinema Perto de Você e regulamenta a produção de obras publicitárias nacionais e internacionais, tornando o mercado audiovisual brasileiro mais forte e dedicado a fortalecer o país. Não bastasse isso, a Lei 12.599/2012, intuída e escrita pela atual Diretoria Colegiada, em especial o seu presidente, presta um grande serviço ao Brasil, pois traz em seu escopo a necessidade de uma agência de publicidade brasileira para qualquer veiculação de comerciais em canais e emissoras atuantes no país.
O balanço de tudo o que a Ancine e sua atual diretoria fizeram pelo audiovisual brasileiro dispensa qualquer comentário. Mexer no time, agora, seria retroceder ou caminhar mais devagar em um momento de arrancada e grandes oportunidades para o país. Seria ainda perder a sintonia (rara) manifesta entre governo e setor audiovisual sobre as conquistas e os desafios futuros.
As produtoras sabem valorizar as grandes conquistas. E sem medo de errar pedimos, fica Manoel Rangel.
Leyla Fernandes
Presidente do Conselho da Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais”