.A Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras) divulgou nesta terça-feira (18) uma nota de repúdio ao comunicado distribuído pela ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) no último dia 12, no qual esta última orienta anunciantes e agências sobre como proceder na contratação do serviço de produção de comerciais para evitar atritos com as produtoras (leia mais aqui). De acordo com a Apro, o documento é “uma tentativa de coação da ABA sobre as produtoras”, uma vez que sugere “a suspensão de pagamento de direitos autorais das cópias de filmes publicitários”.
A Apro reafirma sua posição em defesa das produtoras, que considera terem responsabilidades e direitos pela entrega da sua obra. “Não faz sentido os anunciantes investirem um volume significativo de recursos e não terem a menor preocupação com a qualidade das cópias que vão ao ar. Então, a questão é muito mais profunda do que simplesmente alcançar uma redução de orçamento e de custos”, escreve a associação.
Reiterando outra posição, a Apro indica que os produtores detêm direitos sobre as cópias dos comerciais produzidos e diz ver “vê com profunda decepção” o posicionamento da ABA, uma vez que “o faturamento de cópias é importante para a estrutura econômica e financeira das produtoras”.
A Apro, por fim, recomenda às associadas que continuem cobrando e entregando as cópias de seus filmes mediante pedidos formais que determinam a quantidade, o formato e os veículos a que serão destinados, seja a entrega feita via cópias físicas ou via streaming.
No comunicado da semana passada, a ABA reiterou seu posicionamento em favor dos anunciantes como legítimos produtores dos comerciais e apresentou alternativas de negócios para que os anunciantes adotassem sem criar atrito com as produtoras, evitando também que essas empresas acionassem a justiça ou tentassem atrapalhar a adoção do sistema de streaming para a entrega de produções – o ponto central da discussão com a Apro.
O documento também apresenta uma série de cuidados que os anunciantes e suas agências devem tomar na contratação das produtoras, seja no âmbito legal ou da própria produção.
Atrito
A discussão começou em abril (leia mais aqui), quando a ABA alegou que algumas produtoras e agências estariam atrasando, de forma proposital, a adoção do envio digital às emissoras de televisão e a outros veículos que divulgam tais materiais. Em resposta, a Apro negou o boicote (leia mais aqui), afirmando que as produtoras têm o direito de optar pela entrega de cópias físicas.
Uma das principais polêmicas sobre a transição do envio físico pelo digital está no pagamento das cópias. As produtoras recebem uma quantia para cada fita enviada aos veículos, mas com a adoção do modelo de entrega via streaming, gerenciado pelas empresas Adstream Samba e Zarpa, os clientes passaram a questionar o pagamento por cópia.
A Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade) se posicionou em meio à discussão (leia mais aqui), afirmando que ambas as formas de entrega são válidas e que “compete aos clientes e suas respectivas agências de publicidade decidir quanto à melhor opção, procurando evitar que, através de qualquer meio, haja perda da qualidade técnica do material enviado”.