Semanas atrás, no caderno Aliás, do Estadão, um ótimo ensaio escrito por Martim Vasques da Cunha sobre livro de importante e lúcido psicólogo, desancado preconceituosamente por um artigo na revista Época do ano passado. O livro é o Mapa do Significado – A Arquitetura da Crença, de um dos mestres da psicologia moderna, o canadense Jordan B. Perterson. Nascido em Fairview, Alberta, Canadá, em 12 de junho de 1962, e que neste momento do estouro da manada e irracionalidades, onde a burrice impera e todos agora repetem insensatamente causas improváveis, apenas lembra que existem diferenças físicas objetivas entre os sexos e que discurso algum vai produzir o milagre da igualdade absoluta.

O ensaio no caderno Aliás é perfeito, mas, no final, seu ator cai na armadilha e esquece-se que ingressamos no Admirável Mundo Novo. E termina pateticamente referindo-se e enquadrando comportamentos em “esquerda militante” e “neointegralismo”. Socorro! Talvez, ainda por algum tempo, sem nos darmos conta, também acabemos por cair nessas armadilhas da memória, que denunciam nossas idades todas às vezes que utilizamos uma palavra ou termo datado.

A propósito, sobre essa tolice e velharia de continuar olhando para o presente e futuro, para as pessoas, sob a lente suja de poeira, rancor e burrice, de esquerda e direita, faço uma pausa para lembrar o que o adorado mestre, Peter Drucker, advertiu a todos, há 39 anos, no dia 21 de maio de 1980. Disse o mestre: “Uma época turbulenta é uma época perigosa. E, dentre todos os perigos, o maior é a tentação de se negar a realidade. As novas realidades não se enquadram nem aos pressupostos da esquerda, nem aos da direita. Não se enquadram de maneira alguma naquilo que nós já conhecemos; são ainda mais discrepantes do que todos, independentemente da inclinação política, ainda consideram como realidade. Aquilo é diferente cada vez mais do que a esquerda e a direita acreditam que deveria ser…”.

É essa a tragédia dos tempos que vivemos. O tempo que se perde discutindo-se inutilidades. Ideologias caquéticas que não fazem mais o menor sentido diante do tsunami tecnológico, da crise estrutural, da ruptura definitiva, e das vésperas do início do segundo ato da história da humanidade. E as pessoas ficam perdendo tempo, se ofendendo e se magoando, discutindo direita e esquerda, em vez de aproveitarem este momento único da história e olharem para frente. Mas, voltando ao ensaio do caderno Aliás, reproduzo agora, conforme coletado pelo autor, os cinco conselhos que emergem da obra Arquitetura da Crença, que o respeitável e sensível psicólogo canadense Jordan B. Peterson compartilha com todos nós.

Conselhos da maior utilidade e relevância, sobre os quais todos deveríamos refletir, meditar, concluir e considerar:

1 – Nas relações: faça amizades com pessoas que querem o melhor para você;
2 – Autocrítica: deixe sua casa em perfeita ordem antes de criticar o mundo;
3 – Propósito: persiga o que vale a pena, não o que é conveniente;
4 – Sinceridade: fale sempre a verdade. Se não conseguir, ao menos não minta;
5 – Humildade: reconheça que seu interlocutor pode ter um conhecimento que você não tem.

E para terminar, diante de tudo o que comentei até aqui, gostaria de propor e incluir um sexto conselho:

6 – Relacione-se educada e respeitosamente com todos os seres humanos, mas apenas invista tempo, sentimentos e conversações com pessoas com quem possa realizar trocas de conhecimento minimamente justas. Relacionamentos que valham a pena. Mas, como sempre, cada um faz suas escolhas. E aufere ônus e bônus decorrentes. Merecidamente.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)