As 15 agências brasileiras mais premiadas no Cannes Lions

Subir as escadarias do Palais que abriga o Festival de Cannes para buscar um Leão não é fácil, mas o mercado brasileiro fez muito e chamou a atenção da indústria mundial para si

Listar as 15 agências mais premiadas de todos os tempos no Cannes Lions não foi tarefa fácil. A ideia de fazer o levantamento surgiu em razão dos 53 anos que o PROPMARK completa nesta segunda (21). 

A saga para elaborar o ranking começou com um pedido formal às principais agências do mercado brasileiro, para que fornecessem ao PROPMARK o número de Leões conquistados ao longo dos últimos 47 anos – uma vez que foi apenas em 1971 que o Brasil conquistou os seus primeiros Leões. Inicialmente foram três: um de prata e dois de bronze.

O de prata foi para um trabalho O Nobre, divertido comercial protagonizado pelo ator Raul Cortez no papel de um enfastiado rei que volta a sorrir ao provar a mortadela colonial Swift, “digna de mesa de rei” – criado pela Julio Ribeiro/Mihanovich, produzido pela Última Filmes. Os outros dois, de bronze, foram Overturn, da Lince para a Cofap, e The Big Class of Satisfaction, da Hot Shop e da Última Filmes para a Lacta. A partir daquele ano, o país entrava no radar global da publicidade. No ano seguinte, o ainda “moleque” Washington Olivetto, redator da Lince Propaganda, ganhou seu primeiro Leão – de bronze – com o filme Pingo, que enaltecia o fabuloso sistema de vedação substituível das torneiras Deca. O Leão veio de Veneza, que ainda sediava o festival em anos alternados. O resto é uma longa história de muitos Leões: 1.367, segundo levantamento do Estadão, e 1.410 segundo o próprio Cannes Lions.

Depois de recorrer às agências, portanto, como primeira opção para montar a lista das mais premiadas em Cannes (veja ao lado), a conclusão foi que, em muitos casos, nem elas próprias mantiveram arquivos de todas as suas fases – entre vendas, fusões, separações. A história se ressente dessas fendas provocadas por casamentos desfeitos, mudanças de gestão em governos e outras transições, quando memórias são descartadas se o novo quer se sobrepor ao passado, sem, no entanto, se dar conta de que não se chega a lugar algum sem um passado – muitas vezes brilhante e repleto de fatos extraordinários.

No caso das agências, porém, nem sempre a história dá sentido aos números: algumas somas, fruto de fusões, simplesmente não podem ser feitas. A W/McCann é um bom exemplo desses casórios que precisam seguir a filosofia da “separação de bens”: como somar os Leões da McCann aos da W/Brasil e da W/GGK (que foram quase 30)? Ambas as partes concordaram em deixar a soma de lado e, por essa razão, acabaram não entrando na lista: a primeira porque individualmente não tinha um grande volume de Leões e as W/ (edições GGK e Brasil) porque, de fato, saíram de cena. Outro caso, a FCB Brasil preferiu não incluir entre suas conquistas os Leões da extinta Giovanni. Também ficou decidido não incluir na lista a MPM – ganhadora de 17 Leões, troféus da velha gigante que não se inserem no contexto atual. 

Dito isso, outros dados foram gentilmente cedidos pelo Estadão – representante brasileiro do Cannes Lions -, com ressalvas feitas pelos próprios de que os números não eram oficiais. O PROPMARK contou ainda com um ranking fornecido pelo Cannes Lions, a pedido do jornal.

Muitas contas depois, chegou-se a uma lista de 15 agências, liderada pela AlmapBBDO, grande recordista, seguida da DM9DDB e da Ogilvy Brasil, todas com trajetórias de grande destaque no festival. Não se trata de uma “lista das agências mais criativas”. São essencialmente agências que deram muito valor ao Cannes Lions como premiação. Muitas das que não estão presentes, ou não estão nas primeiras posições da lista, escolheram passar muitos anos sem inscrever peças em Cannes – caso da Africa, que nasceu com a filosofia de não participar de premiações.

As circunstâncias que colocaram as agências em cada posição da lista são extremamente variadas, mas, sem dúvida alguma, o que as une – além de terem ajudado a escrever a bela história da propaganda brasileira – é o fato de estarem vivas, fortes, esbanjando criatividade e vitalidade, matando um leão por dia, como se diz por aí. E dispostas a conquistar mais Leões.

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