Todos passamos pelo momento na nossa infância em que alguém nos perguntava: o que quer ser quando crescer? Penso que está nas memórias da nossa infância as incontáveis vezes que pais, avós, tios e familiares ou amigos da família nos perguntavam isso. Enquanto crianças as respostas invariavelmente eram para profissões nobres como Bombeiro, Polícia ou Médico ou imaginárias como Super Homem, Batman ou Homem Aranha. Quando crescíamos as respostas mudavam de forma, normalmente alinhadas com as profissões dos pais – comercial, advogado, gestor, etc. Até que na entrada da faculdade decidíamos melhor o que gostaríamos de ser, influenciados também pelos amigos de colegial e de infância.
Desde sempre que o ser humano se preocupa com o futuro: da sociedade, da empresa, da família, da carreira, do planeta. Mas nunca como agora o tema foi tão abordado e colocado nas agendas empresariais e académicas. Para onde evolui o mundo e como nos podemos preparar para essas mudanças e evoluções?
Com recurso a diversas fontes de informação cujo objetivo foi o de complementar as nossas próprias conclusões sobre que profissões estarão alinhadas com essas mesmas transformações desenvolvemos um relatório sobre as 50 profissões do futuro. As 50 Profissões do Futuro é resultado de um trabalho de pesquisa realizado ao longo de 2014 e 2015 por diversas entidades: Inova Consulting, FIA, Michael Page, Sparks & Honey, Talenses e Revista Exame.
Também recomendo a leitura do Global Trend Map 2016-2025 que apresenta o panorama da próxima década em termos de transformações globais.
Não conseguimos reproduzir neste artigo o resultado de tão intenso estudo mas podemos apresentar as grandes conclusões do mesmo:
– A tecnologia influencia decisivamente as profissões que mais crescerão no futuro. Funções ligadas ao mundo digital, redes sociais, big data, atuação, 3D, robótica ou nanotecnologia apresentam-se como as de maior potencial de crescimento e de remuneração.
– Tudo o que diga respeito às áreas criativas orientadas a resultados também ganham espaço nas agendas das empresas complementando as tradicionais profissões ligadas à gestão, vendas ou marketing.
– A sustentabilidade e a economia verde ganham também importância no mundo das profissões do futuro através da crescente preocupação com o planeta e os recursos naturais, ou a falta deles, energias alternativas e materiais recicláveis.
– Os programas de formação acadêmica precisam ser revistos a par do modelo de formação vigente bem como a formação assume um papel fundamental ao longo da vida. O que antes um MBA resolvia hoje é o mínimo para se estar no mercado considerando a formação ao longo da vida como obrigatória, assumindo trilhas de diferentes temas e especializações para alargar a fronteira de conhecimento.
Da variedade de reflexões sobre o que o futuro nos reserva separamos as profissões em dois grupos:
1. O grupo de profissões consideradas clássicas (nas áreas da engenharia, medicina ou direito) que mantêm a sua elevada importância no mundo;
2. Um grupo de novas profissões que, alinhadas com as exigências do futuro, estão-se a preparar para lhes dar resposta a ajudar as empresas a se dimensionarem para o que aí vem. E são profissões muito mais orientadas ás dimensões artísticas, criativas e intelectuais, focadas em capital de conhecimento em detrimento de profissões mais rotineiras (resultado da Revolução Industrial).
Fica o desafio para Escolas, Universidades e Empresas em saber como incorporarem essas novas profissões nas suas fileiras. Porque elas vão surgir (já estão aí muitas delas) e quem não se preparar para usufruir do que elas trazem corre risco de ficar fora do mercado. Nesse sentido, o importante é tentar entender de que forma a empresa pode incorporar determinadas funções e profissões em sua estrutura organizacional com o objetivo de conseguir dar resposta às demandas que o futuro apresenta.
O futuro está aí. Aproveite-o.
Luís Rasquilha é CEO Inova Consulting e Inova Business School