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Sem nominar literalmente, mas com clara referência ao musical “La La Land”, um dos filmes mais premiados no Oscar deste ano, o ator brasileiro Wagner Moura criticou a forma como Hollywood trata artistas latinos. Ele e a atriz Alice Braga, eu um painel organizado pela produtora Losbragas, de São Paulo, falaram sobre a representatividade – ou melhor, sobre a pouca representatividade, segundo eles – dos talentos de países da América Latina na produção cinematográfica dos Estados Unidos.

“Não digo que Brasil ou México sejam o país das maravilhas, mas Hollywood é um show de sub-representação”, sintetizou Moura, fazendo associação ao número de latinos na população do Estados Unidos e sua proporção em relação à quantidade de atores desempenhando papéis “com fala” nas produções dos estúdios de Hollywood. Seria, segundo ele, 20% da população e 5% dos atores que interpretam personagens com algum tipo de representatividade nos roteiros de cinema.

Moura também criticou o fato de boa parte dos papéis concedidos a atores latinos ser associada a vilões ou a personagens considerados à margem de padrões vistos como os corretos pela sociedade. “Eu queria fazer o cara comum, dançando com uma garota em Los Angeles”, criticou, bem-humorado na referência ao “La La Land”.

Moura destacou a importância da série Narcos, da Netflix, em sua carreira, e nas discussões sobre os problemas mundiis com o tráfico de drogas.

Ele ressaltou porém que a indústria do cinema precisa valorizar mais a diversidade dos artistas. “A diversidade não será vista nas telas se ela não for vista, primeiramente, nas salas de quem toma as decisões sobre os rumos da produção cinematográfica”, ele disse. O mesmo argumento também foi defendido por Alice Braga: “Precisamos de mais roteiristas, produtores e diretores que também pensem na diversidade dos artistas.” A atriz também defendeu que o assunto precisa ser cada vez mais discutido para resultar em mudanças práticas que possam eliminar “rótulos”.  “Odeio o rótulo de artistas latinos. Somos artistas e ponto. A Meryl Streep é uma artista e não uma artista americana. Por que temos de ser um artista latino?”

Durante a apresentação, Moura  questionou o “racismo” em Hollywood e em todo o sistema em torno da indústria do cinema norte-americano. Ele também afirmou que há racismo na sociedade brasileira.