Hospedado no UOL, o site Click Jogos, que tem como sócios Andreas Diegues, Ronaldo Bastos e Luiz Gonsales, reúne uma audiência de 20 milhões de usuários únicos por mês, basicamente formada por pré-adolescentes, de oito a 14 anos. Vice-presidente de operações, Bastos afirma que o site tem a maior audiência jovem do Brasil. Segundo ele, uma das explicações para o sucesso vem da relevância do Click Jogos nas buscas do Google. Uma boa notícia para o negócio é que, de acordo com a pesquisa Digital Kids & Tweens, desenvolvida em parceria com a Namosca, a maioria das mães acha que o jogo insere os filhos num contexto social positivo. Nesta entrevista ao propmark, o executivo dá mais detalhes sobre o estudo e conta sobre as estratégias do Click Jogos para atrair anunciantes de olho no público jovem.
Como começou a história do Click Jogos?
O Click Jogos é uma empresa que no ano que vem vai fazer dez anos e o Andreas Diegues, que é meu sócio e fundador da empresa, tem 24 anos. Ele aprendeu a programar, fazer sites com 12 anos. O Click Jogos começou quando ele tinha 15 anos. Começou de forma mais ou menos despretensiosa, mas ele fez na verdade um produto em que ele era o próprio usuário, o próprio consumidor, e talvez esse tenha sido o segredo do negócio. De cara, o site pegou. Um dos motivos é que ele passou a ter uma presença muito forte nas buscas do Google. Foi uma coisa que o Andreas intuitivamente foi entendendo como o Google funcionava e depois foi estudar o assunto. Todo mundo que buscasse jogos na internet, o Click Jogos estava sempre entre as primeiras opções, até que deslanchou.
Os jogos são cobrados?
Todos são gratuitos. Ganhamos com publicidade. Esse é o nosso negócio.
Como foi o desenvolvimento?
O site decolou em termos de audiência e aí o Andreas, com uma ótima intuição, percebeu que seria um bom negócio. Na época ele não podia abrir empresa, então ela foi aberta no nome da mãe dele. Em 2007, ele fez uma parceria com o UOL. Hoje o site é um agregador de jogos online. O público é formado basicamente pelo pré-adolescente, de 8 a 14 anos, o mesmo target de “Chiquititas”, “Carrossel”. Hoje são 17 mil jogos no site, sendo que todo dia tem novidade. O site nada mais é do que uma curadoria de conteúdo digital de jogos. Isso criou uma audiência muito grande.
Qual é a audiência do site?
A gente tem 20 milhões de usuários únicos por mês. Somos a maior audiência jovem no Brasil. Até a audiência média de uma novela de sucesso como “Carrossel” não alcançou esse volume. O site Click Jogos tem uma parceria com o UOL e é uma de suas grandes audiências. Tem uma pesquisa nova que a gente fez que explica esse fenômeno. A atividade número um do jovem dessa idade é o jogo online. É a grande diversão dele. Tem várias explicações para isso. Uma delas é que o jogo acaba sendo o grande contraponto à escola para quebrar o tédio. Hoje a gente vê por pesquisa que as crianças ainda brincam com brinquedo, é um mito que elas estão deixando de brincar com brinquedo, mas cada vez mais gastam tempo com computador, que também é diversão, assim como o videogame, smartphone e tablet. Esse é o grande interesse das crianças, pré-adolescentes e adolescentes. A gente percebe que essa turma muito nova não faz muita distinção do online e offline. Para eles é tudo a mesma coisa. E o computador é a mídia principal para eles hoje.
Que pesquisa é essa citada?
É a Digital Kids & Tweens, que desenvolvemos este ano em parceria com a Namosca. A gente faz ela anualmente. Pesquisamos um target de 8 a 12 anos. Uma das coisas que ficamos bem surpresos é que eles já têm marcas preferidas. E são marcas aspiracionais, tipo Apple, Nike e GAP, independentemente da classe. Eles são muito conectados. Os amigos e a diversão são as prioridades desse target. Eles querem se divertir, seja no computador, brincando com os amigos, dentro de casa ou na rua. Embora os pais prefiram que eles fiquem em casa jogando no computador por uma questão de segurança, eles ainda fazem muitas atividades fora de casa como ir ao shopping e brincar de esconde-esconde, por exemplo. Eles não estão deixando de viver a infância. Outro mito que caiu com a pesquisa é de as mães serem contra jogar videogame. A pesquisa mostrou que a maioria das mães já vê o lado positivo, maior que o negativo. Elas enxergam que isso é uma coisa do mundo atual, moderno.
Quais são os benefícios de jogar, segundo a pesquisa?
Como benefício, a maioria das mães acha que o jogo insere os filhos num contexto social positivo. Elas também acreditam realmente que os jogos treinam certas habilidades, como a cognitiva.
Quando você entrou na sociedade?
Em 2011, eu e o Luiz Gonsales entramos na sociedade. Somos profissionais do mercado da internet há bastante tempo. Já conhecíamos o Andreas há um bom tempo. Em 2011 estávamos procurando um negócio novo para investir e o Andreas estava querendo ampliar a empresa. Fizemos um investimento na empresa, entramos como sócios e realmente decidimos naquele momento profissionalizar o negócio. Era um negócio ainda pequeno. Quando entramos como sócios, abrimos um escritório no Morumbi com três funcionários. Hoje, dois anos e meio depois, temos dois escritórios, um em São Paulo e um em Birigui, no interior, que é um centro de desenvolvimento, e 40 funcionários. Então, realmente a gente contratou e estruturou a empresa, reforçamos a área de tecnologia, que é o forte, o DNA do negócio. E criamos do zero a área comercial e a de marketing. Hoje a gente pode dizer que tem um negócio relativamente bem estruturado e é mídia digital. O nosso negócio é audiência e publicidade. Hoje mais de 70% da nossa receita vêm de publicidade.
O site tem assinatura?
O nosso conteúdo é basicamente grátis. A gente acha que é uma tendência irreversível da internet, ainda mais no Brasil, que força a gratuidade. É um conteúdo aberto, livre, não precisa se cadastrar. Tem alguns jogos que têm mecânica de assinatura, de compra de itens, e parte da nossa receita vem daí. Basicamente, os anunciantes que estão com a gente são aqueles que estão de olho no público jovem, como Coca-Cola, McDonald’s, Bubbaloo, Tang, Mattel, Hasbro e todas as operadoras de celular.
Como é a entrada da publicidade nos jogos?
Como qualquer site. Há banners, formatos publicitários tradicionais da internet e coisas mais bacanas como branded content. A Mattel tem propriedades que têm tudo a ver com o nosso público. Para as meninas, tem Barbie, Monster High, Polly. Para os meninos, tem Max Steel e Hot Wheels. Então para essas marcas a gente criou canais de jogos temáticos. Para a criança é muito bacana, porque é conteúdo. A Unilever também está com um conceito bem legal. Ela criou um personagem para Ades, que é um leão, o Max, e desenvolveu um conceito das Aventuras Max. A Unilever chegou a criar um desenho animado e desenvolveu alguns jogos do universo desse personagem. E a gente fez um canal do Aventuras Max dentro do Click Jogos. É bem parecido com o conceito de fanpage no Facebook. Mas para quem está de olho num público jovem, rede social não é o melhor lugar, até porque, na teoria, para participar as pessoas devem ter acima de 13 anos. O que a gente viu em pesquisa é que realmente o pré-adolescente, de 8, 9, 10, 11 anos, não é tão ligado às redes sociais, isso é uma coisa que vem depois. Mesmo os próprios adolescentes já estão começando a procurar alternativas. Porque adolescente não quer estar no mesmo lugar que o pai, a mãe dele.
Quanto a empresa está crescendo este ano?
A empresa está crescendo 100% em receita. Vamos faturar R$ 20 milhões este ano.
Como é o crescimento da audiência?
É orgânica. Somos muito relevantes na busca do Google. Quando se digita a letra “c” no Google, ele indica Click Jogos primeiro, depois vem Caixa, Correios e Casas Bahia. Para buscas, o site é mais relevante até do que essas grandes empresas. Como existe muita busca por jogos e o site geralmente é a primeira opção, temos uma audiência muito forte. E como o site tem quase dez anos, já existe um reconhecimento muito forte da marca Click Jogos. A gente consegue dizer que virou sinônimo de games. O volume por buscas no Google por jogos e por Click Jogos é praticamente do mesmo tamanho. O jovem em geral, no Brasil, conhece a marca. Mas quando eu e o Luiz entramos de sócios, a gente viu que a marca não era conhecida do trade e percebemos que havia um trabalho grande para desenvolver com os anunciantes e agências para mostrar que a molecada está na internet jogando. Eles não leem jornal, revista ou portais tradicionais. Atingimos eles onde realmente estão, que é o Google. Temos o que todo mundo gostaria de ter, que é um tráfego orgânico muito forte. A gente chega a ter 100 milhões de visitas ao site por mês sem gastar um real com marketing. Acho que o segredo do nosso negócio é esse.
Vocês desenvolvem jogos?
Desenvolvemos alguns jogos, mas preferimos produzir fora do Brasil. Por incrível que pareça, é mais barato.
Quais são os gêneros de jogos mais fortes?
Para os meninos, tem muita aquela coisa de futebol, esportes em geral. Para as meninas, tem muito jogo de vestir, de beleza. Personagens famosos fazem muito sucesso. Temos parceria com a Disney, Cartoon e Nickelodeon para usar personagens deles em jogos. Depende muito do momento para um jogo fazer sucesso.
Quem são os concorrentes?
Os próprios games de console são os principais concorrentes. Eles atraem especialmente as classes AB, porque ainda são caros.