Stalimir Vieira
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Estupra, mas não mata
Quando fiquei sabendo que a Monja Cohen, celebridade budista, que cobra até R$ 15 mil por uma palestra, tinha sido contratada pela Ambev para ser “embaixadora da moderação”, seja lá o que isso signifique, fiquei matutando sobre qual parte da anedota eu não tinha entendido. Conversei com alguns colegas e
Propaganda envergonhada
Durante dois dias, vasculhei o Google, incansavelmente, tentando descobrir quais as agências que atendem ao governo federal. Chego quase à conclusão de que se trata de uma atividade clandestina, tamanha a dificuldade de chegar a algum indício. Lembro que, em anos passados, ganhar um quinhão de verba federal era redentor
Menos criação, mais metrologia
A substituição da espirituosidade criativa pela engenhosidade objetiva avança. Vivemos uma verdadeira ocupação cultural na comunicação publicitária, um “stalinismo” tecnológico, em que o “passado” vai sendo expurgado dos postos-chave nas agências, e enviado para uma espécie de Sibéria do ostracismo. Não se trata apenas da, digamos, jovialização nas lideranças, mas
Adeus, meninas!
Certa vez, li numa das chamadas revistas masculinas (não sei se Status, Homem ou Playboy), entrevista com uma chacrete. Entre as coisas previsíveis que ela dizia, me surpreendeu a informação sobre o sacrifício que era dançar a tarde inteira no programa e, depois, passar uma hora em pé no ônibus,
Tragédia, marketing e afoiteza
A “ação promocional” da Farm, a favor, em tese, dos familiares de sua ex-funcionária, assassinada numa habitual troca de tiros entre traficantes e policiais nas favelas cariocas, terá sido uma das mais elaboradas cagadas de marketing a que tive notícia em 45 anos de experiência. Para quem não se inteirou
A Bia não tem sexo
A Bia chama Bia, mas podia chamar Bráulio, que não ia mudar nada. Continuaria sendo apenas um algoritmo, desenvolvido e operado por mulheres e homens, para atender à conveniência de seus patrões e clientes, seja ajudando ou atrapalhando usuários. Eu xingo algoritmos com frequência, não importam os nomes de fantasia
Minha primeira campanha
Em 21 maio de 1965, eu tinha 11 anos. Exatos dez anos depois, conquistava meu primeiro emprego em uma agência de publicidade, ainda em Porto Alegre. Sozinho em uma sala, impregnada pela fumaça dos cigarros que acendiam frequentemente, eu agredia as teclas de uma Olivetti, preenchendo a folha de papel-jornal