O diretor-presidente da Calçados Azaléia, Antônio Britto, disse que a concorrência do calçado produzido na China prejudica o setor mais do que o câmbio. Como o país asiático produz 18 vezes a quantidade brasileira, pode determinar o preço do produto no mercado internacional. Se não houvesse isso, as empresas poderiam repassar a diferença em função da baixa do dólar na relação com o real. A palestra de Britto, “Desafios das empresas no Brasil de hoje”, aconteceu hoje (11), na Federasul, em Porto Alegre.
De acordo com o executivo, as indústrias do setor, no momento, estão pagando para manter os clientes externos. Segundo Britto, não vale a pena sair de uma mercado que se levou 10 ou 15 anos para conquistar e entregar de bandeja para países concorrentes. Em 2004, a Azaléia produziu 37 milhões pares, 20% destinados para 82 países e 80%, para o mercado interno. Conforme Britto, a Azaléia prefere exportar com marca e com canais próprios de venda no exterior para reduzir a pressão de preço provocado pelo produto chinês.
Britto explicou que o desempenho em baixa em função do câmbio vai começar a aparecer de forma mais acentuada a partir de agora porque serão pagos os contratos assinados no início do ano. De acordo com o executivo da Azaléia, o calçado proporciona um lucro médio de 4% a 7%. Como os contratos foram assinados com o dólar a R$ 2,80 e serão remunerados em torno de R$ 2,50, essa diferença vai superar a margem de lucro. No mercado interno, disse que há uma desaceleração no ritmo de crescimento. A Azaléia tem 28 unidades no Rio Grande do Sul, Bahia e Sergipe e emprega 18 mil pessoas.