Empresária de sucesso no setor de beleza e cosméticos, Cristiana Arcangeli atua no ramo desde os anos 80, quando surgiu a sua primeira empresa, a Phytoervas. Ela teve ainda a Éh Cosméticos, lançada em 2006 e vendida para a Hypermarcas. Hoje, Cristiana é CEO da beauty’in, fundada há três anos e que introduziu no Brasil um novo conceito de produtos, os aliméticos e nutricosméticos, que cuidam da beleza de dentro para fora, reunindo alimentos saudáveis, cosméticos e vitaminas. Nesta entrevista ao propmark, ela fala sobre expectativas de negócios e perspectivas para o futuro, como a internacionalização da marca.
Qual é o posicionamento da beauty’in no mercado?
Estamos posicionados em uma nova categoria, chamada de aliméticos. Hoje não temos nenhum concorrente, porque não tem nenhuma outra marca dentro dessa categoria. Mas, em breve, outras virão.
Como você teve a ideia de criar a beauty’in?
Em uma viagem ao Japão, conheci esse mundo funcional. Ao entrar em uma farmácia local, me deparei com uma gôndola cheia de shots de colágeno, produtos antirressaca. Nunca tinha visto nada parecido no Brasil e então tive a ideia e trabalhei no projeto. Para criar a beauty’in me inspirei em melhorar a qualidade de vida das pessoas de forma prática e natural. Aliás, essa sempre foi a minha motivação. Sempre acredito muito nos meus projetos, sou uma eterna apaixonada!
Por que a marca decidiu patrocinar o London Fashion Week?
Porque a gente está vendendo em Londres e, na verdade, fomos chamados por eles para ser a bebida oficial do evento, porque somos uma bebida saudável e eles têm essa nova tendência de que a moda está muito ligada à saudabilidade. Eles não querem mais modelos anoréxicas, pessoas muito magras ou se alimentando errado. É uma nova tendência que vem atrás de todo esse conceito novo de moda que Londres está trazendo, porque Londres é formadora de tendência. E nosso produto se encaixava perfeitamente no perfil que eles estavam procurando para ser a bebida oficial e por isso fomos convidados. E foi muito legal, porque é a primeira empresa brasileira que patrocina o evento e para a marca foi muito bacana ter essa oportunidade.
Quais foram as principais ações da marca no evento este ano?
Só tinha a beauty’in como bebida no evento. Então, na sala de imprensa, na sala de desfiles, para as pessoas que acessavam os desfiles só havia beauty’in. Basicamente, fizemos a distribuição de bebidas.
Como está o processo de internacionalização da empresa?
A gente vai lançar o produto nos Estados Unidos e México e vamos esperar sedimentar um pouco nesses países para depois conseguir continuar. A gente tem ainda Rússia, Argentina e Portugal nos planos, mas vamos esperar mais um pouco para uma segunda fase.
O lançamento nos EUA e México será ainda este ano?
Nos Estados Unidos acabamos de assinar o contrato e estamos indo agora para dar o start, e no México ainda não sei. A gente está esperando sair o registro do produto na Vigilância Sanitária de lá, que é igual à daqui, que é um pouco lenta.
E por que escolheu esses países?
Estados Unidos é um país em que esse mercado de beleza, de qualidade de vida, de beleza que vem de dentro, é bastante divulgado. Então, a gente acha que vai ter uma aceitação muito grande para esse tipo de produto. No México, as mulheres são supervaidosas, é um país onde também acho que vamos ter uma aceitação grande.
O primeiro país foi a Inglaterra?
Sim.
E como estão as vendas lá?
Estão indo muito bem. A gente ficou oito meses com exclusividade com a Selfridges. Era uma venda pequena, porque era uma rede de lojas só. Agora, a gente abriu para outras e os números estão crescendo mês a mês.
2013 foi um ano positivo para a beauty’in?
A gente vai crescer 340% em relação ao ano passado.
A que se deve esse crescimento?
A gente lançou quase 100 produtos este ano. No ano passado, fechamos com 35 produtos e vamos fechar este ano com mais ou menos 110. Era para fechar com 135 produtos, mas adiamos 20 produtos para o ano que vem. Então, o primeiro fator é o crescimento no número de produtos, que com certeza aumenta faturamento. Também há um aumento na distribuição. A gente está aumentando bastante o número de pontos de venda. Além disso, estamos com uma campanha maciça de TV. Acho que todos esses ingredientes juntos justificam e a gente vai mais do que dobrar no ano que vem.
Quais são as principais ações de marketing da empresa?
A gente participa de todas as feiras, de vários patrocínios a eventos de moda, esporte e beleza. Este ano o Fashion Week foi um evento importante para a gente. E de campanha, estamos fazendo internet e televisão.
Qual é o slogan da marca?
Cada produto tem o seu, mas o da beauty’in é “beleza que vem de dentro”.
A Sabrina Sato é a garota-propaganda?
Na bebida. Cada produto tem uma pessoa. Na bebida é a Sabrina, no iogurte é a Gisele Itié, no chocolate, a Adriane Galisteu, e eu estou em quase todos.
Com quais agências trabalha?
A gente trabalhou um tempo com a Multi Solution e agora estamos fazendo o material com um diretor chamado Ernani Nunes. Ele que cria e dirige os comerciais para a gente. Estamos sem agência no momento.
Vocês estão apenas com a produtora dele?
Sim, é a EN Criação. Mas o ano que vem a gente vai buscar outra agência de novo.
Qual é o valor da verba de marketing da beauty’in?
Este ano, investimos cerca de R$ 20 milhões.
Vocês já estão conversando com agências de publicidade para assumir a conta no ano que vem?
No momento, estamos trabalhando com algumas agências parceiras. Para 2014, vamos montar uma estrutura melhor porque vem muita novidade pela frente, a beauty’in não para e promete produtos incríveis, mas não temos nenhum nome de agência fechada, por enquanto.
Pode adiantar as principais novidades para 2014?
A gente tem alguns lançamentos, que eram para este ano e que ficaram para o começo do ano. A gente também vai abrir uma loja-conceito em São Paulo.
Qual o balanço que você faz do negócio?
Para três anos de empresa, a gente está bem satisfeito com o desenvolvimento. São três anos de empresa, de uma marca completamente nova e de uma categoria nova. E de um conceito novo, com hábito de consumo novo, porque tem a bebida com o pó, tem que ensinar como faz. É muita coisa nova junta.
Em quantos pontos de venda a beauty’in está no Brasil?
São mais de oito mil. A gente tem alguns quiosques em shoppings que estão indo muito bem também.
O que você espera para os próximos anos?
A gente quer construir uma marca global. Então, vamos correr atrás de abrir a empresa nos outros países, antes que alguém copie o conceito, já que ele é tão inovador e único. A ideia é expandir para os outros países o mais rápido que a gente puder e estar em outras categorias. Estamos fazendo parcerias em outras categorias, como torradas, cereais. A ideia é que você veja um produto beauty’in, que é um produto com esse olhar de beleza e de saúde, em todas as gôndolas dos supermercados. Pode ter qualquer coisa, macarrão, sopa.
Quais as categorias que a beauty’in está hoje?
Bebidas, chocolates, chás, balas, barras, iogurte, tem várias.
Você criou a Phytoervas e a Éh Cosméticos e depois vendeu. Pretende fazer o mesmo com a beauty’in?
Eu nunca comecei uma empresa pensando em vender. Com a Phytoervas, aconteceu 12 anos depois. Foi uma época em que as marcas estavam sendo internacionalizadas mesmo. Um momento em que muitas marcas internacionais vieram comprar marcas brasileiras. E para mim era uma forma de internacionalizar a Phytoervas. Com a Éh, aconteceu muito rápido, vendi dois anos depois que lancei a marca. O meu sócio João Alves Queiroz montou a Hypermarcas e ele acabou incorporando a marca e eu saí. Ele comprou a minha parte. Aqui tenho a oportunidade de fazer essa internacionalização que sempre quis fazer desde a Phytoervas. Não está nos meus planos vender a beauty’in, mas a gente nunca sabe.
Você tem sócio?
Tenho, o Banco BTG tem 40% da sociedade.
Como a beauty’in é conhecida?
Ela é conhecida como um produto saudável, de beleza, as pessoas começaram a entender que é um alimento cosmético, por isso que é aliméticos. Às vezes tenho a impressão de que esse conceito estava no inconsciente coletivo, porque a hora que a gente começou a falar a palavra alimético, as pessoas rapidamente começaram a chamar a categoria de alimético, que é uma marca registrada nossa. As pessoas estão entendendo muito rápido isso.
Por que você sempre desenvolveu linhas com esse viés voltado para produtos naturais de beleza?
É a minha filosofia de vida. Acho que as pessoas só conseguem fazer as coisas quando elas acreditam nelas. Cuidar da beleza, da saúde, do bem-estar, se alimentar com produtos naturais é a minha filosofia de vida. Tudo é uma extensão disso.
Qual o faturamento estimado para 2013?
Este ano vamos fechar entre R$ 38 e R$ 39 milhões.
Que importância a comunicação tem para o negócio?
Para nós é um braço muito importante, porque como disse estamos lançando uma nova categoria, criando novo hábito de consumo, explicando como você usa os produtos e em que momento vai usar. Estamos dizendo por que é tão mais legal pegar uma bebida pronta e misturar na hora e tomar um suco fresco pronto, que é uma forma muito mais prática, moderna e eficiente de tomar uma bebida saudável, sem conservante, sem açúcar, sem gordura, cheio de vitaminas. Como é que vou fazer isso chegar até as pessoas sem a publicidade? Então, a publicidade é um investimento bastante grande, pega um percentual bem elevado do nosso faturamento, mas está dentro dos nossos planos e vamos continuar assim pelos próximos dois anos, pelo menos.
Fala sobre o público da marca?
A gente foca nas mulheres entre 15 e 50 anos. É um público bastante amplo, porque é uma coisa saudável. O preço é bastante acessível.
A principal mensagem é a saudabilidade?
É a beleza que vem de dentro, é o colágeno. A gente mostra como funciona o colágeno. Tem testes que comprovam a eficiência dos produtos. E quanto é eficiente para a pele. A gente foca nas mulheres com esse viés.
Que dicas de beleza e saúde você daria para as consumidoras brasileiras?
A minha dica de beleza é simples. Gosto de me alimentar bem, uso protetor solar, pratico atividade física todos os dias. Faço tudo isso porque realmente gosto e me sinto bem. Vejo muitas mulheres reclamando que tem que ir para a academia, mesmo depois de um dia de trabalho. Eu já vejo isso de uma maneira diferente, acho uma ótima oportunidade para liberar o estresse do dia a dia, de cuidar um pouco mais do meu bem-estar, de ficar bem comigo mesma. Tudo que é feito com vontade e com determinação acaba interferindo na nossa beleza e na nossa saúde.