Pois é, convencionou-se estabelecer o início do ano para a primeira semana pós-Carnaval. Ainda bem que o Carnaval deste ano foi realizado no início de fevereiro. Assim, a gente começa o ano pra valer mais cedo.
Tirei um período de descanso apenas na semana de Natal e Ano Novo e mais alguns poucos dias. Então, estou na labuta desde a segunda semana de janeiro. É um período bom para organizarmos a vida, limparmos entulhos – principalmente digital –, nos enchermos de esperança e coragem e agarrar o touro 2018 à unha.
Aí você se prepara, arregaça as mangas e… Vamos lá! Não, meu rei, o ano ainda não começou… Só depois do Carnaval. Não sei você, mas eu tenho uma grande dificuldade de encontrar interlocutores para tocar projetos e atividades no primeiro bimestre.
A impressão que dá é que está todo mundo de férias. Nada contra! Temos mesmo é de descansar e é bom aproveitar os momentos de baixa. Mas, felizmente, as coisas não são assim para todos. Porque a economia precisa girar sem parar, certo?
Eu fui gerente de promoções e eventos de uma grande empresa de refrigerantes e esse período de verão era um dos mais bombados para nosso negócio.
Então, não tinha descanso, não. Era pauleira pura desde o primeiro dia do ano. Quantas empresas estão ativando suas marcas durante o verão? E neste Carnaval?
Aliás, é impressionante observar o que se tornou o Carnaval de rua de São Paulo e do Rio de Janeiro. O de São Paulo é ainda mais impressionante. Já se fala no maior Carnaval do Brasil, em número de pessoas participando.
Para quem estava acostumado a ver o paulistano fugindo do marasmo da cidade nesta época, a surpresa é grande. São tantos blocos e tanta gente consumindo, que os hotéis, bares e restaurantes estão sorrindo de orelha a orelha.
E as marcas que conseguiram identificar e pegar carona nesse fenômeno descobriram mais uma forma de se vincular a um movimento de grande prazer para um grande grupo de pessoas. Mas nem só de Carnaval vive o primeiro bimestre.
Fora do Brasil, já ocorreu o maior evento de varejo do mundo, a NRF (National Retail Federation), em Nova York, para onde vão muitos profissionais brasileiros ligados a esse setor.
Para os ligados em inovação e eletrônica, foi realizada a CES, na primeira quinzena de janeiro, em Las Vegas. Também fora do Brasil, ocorreu o SuperBowl, a superlativa final do futebol americano, este ano realizada em Minneapolis. O evento continua atraindo mega-anunciantes, capazes de arcar com o custo de inserção comercial considerada a mais cara do mundo.
O interesse dos brasileiros pelo evento é crescente. Segundo a organização, brasileiros estão em quarto lugar entre os compradores de ingressos. E a audiência da transmissão para o Brasil cresceu mais de 25%.
Já em plagas tupiniquins, tivemos o maior evento de celebração digital do Brasil: a Campus Party, em São Paulo, evento que atrai nerds, gamers e curiosos digitais de todo o país.
Lá no Sul do Brasil, tivemos mais uma edição do Planeta Atlântida, festival musical tradicional, organizado pela RBS, já na sua 23ª edição, contando com ativação e patrocínio de grandes marcas. Tudo isso pra dizer que o mercado não fica esperando o Carnaval passar.
As pessoas continuam consumindo – algumas só mudam o local de consumo. No campo da economia, já tivemos um solavanco grande com uma queda histórica da bolsa de Nova York, repercutindo no mundo inteiro, inclusive por aqui.
O motivo é inusitado: a economia está aquecida demais por lá, o que pode causar aumento de juros, para frear uma potencial inflação. Gostaria de ter esse problema por aqui… No campo da política… Melhor deixar pra lá.
Apesar da enorme turbulência, Brasília só se agita mesmo agora que o Rei Momo foi descansar. Então, é isso: bem-vindo, 2018! Que todas as previsões otimistas se confirmem e tenhamos todos um ótimo ano!
Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)