A Abeoc (Associação Brasileira de Empresas de Eventos), em parceria com o Sebrae e a ForEventos, que reúne instituições ligadas ao setor, dentre elas a Ampro (Associação de Marketing Promocional), da qual sou VP, e a MPI (Meeting Professionals International), da qual sou presidente no Brasil, divulgou um importante estudo sobre o mercado de eventos no país, conduzido pelo Observatório do Turismo da Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense.
A pesquisa durou 14 meses e teve como base o ano de 2013. Foi a segunda edição do estudo, após 12 anos do primeiro, sendo revisto e ampliado. Sabíamos da importância crescente dos eventos na economia brasileira, mas a ausência de um estudo com essa amplitude nacional impedia uma avaliação consistente do setor. E os números atuais impressionam, revelando que o setor movimentou R$ 209,2 bilhões no ano passado, o que representa uma participação de 4,32% no PIB brasileiro.
Foram contabilizados 590 mil eventos no país em 2013, em mais de 9,4 mil espaços disponíveis. Cerca de 95% deles são nacionais, e mais da metade (52%) realizados na região Sudeste, seguida de Nordeste (20%), Sul (15%), Centro-Oeste (9%) e Norte (4%).
O setor também gerou 7,5 milhões de empregos diretos, indiretos e terceirizados. Em relação ao número de eventos, o resultado de 2013 foi 80% maior que o último dimensionamento, feito em 2001. Houve ainda aumento de 153% no número de participantes, que passou de 79,8 milhões em 2001 para 202,2 milhões em 2013.
A pesquisa também confirmou a predominância das micro e pequenas empresas atuantes nessa indústria: elas representam 81% do mercado. Das 2.784 empresas organizadoras pesquisadas, 50,3% declaram faturamento anual de até R$ 720 mil e 30,8% entre R$ 720 mil e R$ 3,6 milhões. Na divisão da receita total gerada (R$ 209 bilhões), o estudo revela que R$ 72,2 bilhões provêm das empresas organizadoras.
Dados mais abrangentes como a contribuição do setor de eventos no processo de geração de impostos, entre outros, foram avaliados. E o Brasil ainda tem um bom trabalho pela frente na captação de eventos internacionais pelos números mostrados, já que representam apenas 5% dos encontros realizados. A ICCA (International Congress and Convention Association), inclusive, que lista os países que mais receberam eventos corporativos internacionais durante 2013 apontou uma mudança na colocação do Brasil. O país passou a ocupar o nono lugar na lista, caindo duas posições em relação a 2012, quando ficou com a sétima colocação mundial. Outro número é que, no ano passado, 315 eventos corporativos foram realizados, os quais trouxeram ao país 126 mil turistas estrangeiros, gerando um movimento de US$ 137 milhões.
O ranking não inclui eventos esportivos e religiosos, tendo ficado de fora do levantamento da ICCA, a Copa das Confederações, realizada em junho em seis diferentes cidades, e a Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu em julho no Rio de Janeiro.
De acordo com a Embratur, estes dois eventos de grande porte dificultaram a realização de outros no mesmo período, impactando no número contabilizado pela associação.
Em 2012, quando o Brasil ficou em sétimo lugar no ranking, foram recebidos 360 encontros. Os dados da entidade ainda apontam que, entre 2003 e 2013, o total de eventos realizados em solo brasileiro passou de 62 para 315, o que indica um aumento de 408%. No mesmo período, o número de cidades que sediaram esses tipos de encontros subiu 145%, passando de 22 para 54. Os primeiros lugares do ranking na realização de eventos internacionais ficaram com Estados Unidos, Alemanha e Espanha, que receberam respectivamente 829, 722 e 562 encontros.
A Copa do Mundo, realizada este ano no Brasil, deverá impactar mais uma vez negativamente a posição do país no próximo ranking, já que não será considerada para efeito de classificação e gerou a diminuição de eventos corporativos no período de junho e julho deste ano.
De qualquer maneira, a pujança do setor está expressa nesse abrangente estudo. A expectativa é de um crescimento crescente, já que os eventos continuam sendo considerados excelentes ferramentas para divulgar, demonstrar, incentivar, vender, engajar, treinar, comemorar, premiar e celebrar.
*Diretor de marketing do WTC