Escrevo este artigo depois de uma maratona de encontros ligados ao trade de eventos corporativos e de turismo. Os setores envolvidos somados são de extrema relevância para a economia do país.

O setor de  eventos foi objeto de um dimensionamento recente, realizado pela Abeoc, em parceria com o Sebrae e a Foreventos (organização que reúne associações relacionadas ao setor), e chegou ao impressionante valor de R$ 209,2 bilhões movimentados ao ano (relativo a 2013), o que representa uma participação de 4,32% no PIB brasileiro. O setor de turismo corporativo também apresentou seus números relativos à movimentação em 2014.

O IEVC (Indicadores Econômicos de Viagens Corporativas) 2014, feito pela Alagev, em parceria com o CNC e o Senac, com o apoio da Abracorp, abrange a movimentação financeira dos setores de transporte aéreo de passageiros, serviços de hospedagem, locação de veículos no destino da viagem, serviços de agenciamento, serviço de alimentos e bebidas prestados no destino da viagem, e tecnologia. E, a exemplo do dimensionamento econômico de eventos, os números são bastante expressivos. Segundo o levantamento, a receita de viagens corporativas em 2014 atingiu o valor de R$ 40,17 bilhões, um crescimento de 9,2% sobre 2013.

Perante números tão expressivos, eu, que tenho forte envolvimento com os setores, estava bastante curioso – e, admito, apreensivo – quanto às primeiras movimentações do ano relacionadas a esses segmentos. E não foram poucas. Somente no primeiro trimestre do ano, tivemos os seguintes eventos: Lacte (Latin American Corporate Travel Experience), em janeiro; Esfe (Encontro do Setor de Feiras e Eventos), em fevereiro; Cocal (Congresso da Federação das Entidades Organizadoras de Congressos e Afins da América Latina), no início de março; Fórum Panrotas, EBS (Event Business Show) e Fórum Eventos, os três no fim de março.

Se voltarmos um pouco no tempo, tivemos ainda o Lamec (Latin America Meetings & Events Conference), evento anual da MPI (Meeting Professionals International), em meados de dezembro do ano passado. Se avançarmos um pouco, teremos ainda o WTM (World Travel Market Latin America), neste mês de abril.

Ufa! São oito eventos, a maioria de abrangência regional Latam, realizados num período de aproximadamente quatro meses. Todos eles tratando de eventos e turismo. E a Ampro (Associação de Marketing Promocional) já confirmou seu Segundo Congresso de Live Marketing para julho deste ano.

Lá no fim de 2014, quando todos já estávamos impactados pelas perspectivas pouco otimistas (para dizer o mínimo) quanto à economia do nosso país, alguns organizadores desses eventos podem ter tido a dúvida se valia a pena manter suas atividades. Eu mesmo estive envolvido, direta ou indiretamente, na decisão de alguns deles, já que sou presidente da MPI e VP da Ampro, além de participante ativo de outros dos eventos citados (organização do Lamec, coordenação de painel no Lacte, parceria de conteúdo e coordenação de painéis no EBS e na WTM). Portanto, falo como um insider.

A surpresa boa é que todos os eventos citados foram realizados com muito sucesso. Alguns deles até cresceram de tamanho na sua edição de 2015, quando comparados com anos anteriores. Se nos deixássemos levar pelo baixo-astral reinante no mercado no fim do ano passado e no início deste ano, tais eventos talvez nem sequer acontecessem. De fato, naqueles em que participei diretamente da organização, tal possibilidade foi aventada. Mas todos mantiveram as suas atividades, trabalharam duro e colocaram de pé seus eventos com êxito.

Abordo este fato para enfatizar algo óbvio: a vida continua! O mercado prevê queda do PIB de 1%? Pois bem, temos os outros 99% para agitar! E não é pouco. O Brasil, apesar de tudo, ainda é, e será, um mercadão a ser trabalhado. Na alegria e na tristeza, a vida continua! As empresas lançarão produtos, as lojas continuarão abertas, oferecendo seus itens aos consumidores, as pessoas viajarão, os eventos acontecerão… Enfim, apesar das manchetes catastróficas com que convivemos todos os dias ao abrir os jornais, a roda continua girando. Certamente, os desafios serão maiores, mas serão vencidos por aqueles que se negam a entrar na onda de negativismo e estão dispostos a colocar a faca entre os dentes e lutar bravamente. Longa vida a esses que se negam a estagnar.

*Diretor de marketing do WTC