Demorou um certo tempo para se digerir o resultado das eleições. Sabemos que o desfecho desagradou a muitos empresários, que chegaram a acreditar numa mudança de liderança e de um novo estilo do governo federal.
O movimento de oposição cresceu bastante na reta de chegada, mas não foi suficiente para uma vitória. O day after foi sombrio para muitos, que não queriam acreditar que teriam de conviver mais quatro anos com um governo sujeito a todo tipo de crítica. Mas aí veio o choque de realidade e com ele o pragmatismo dos brasileiros já calejados por lidar com todo tipo de adversidade no campo da macroeconomia.
Os mais velhos já superaram planos econômicos esdrúxulos, macrodesvalorização de moeda, explosão de preço do petróleo e muitas outras iniciativas de governos anteriores. Sem contar a burocracia nossa de cada dia, o sistema tributário complexo e custoso e as demais mazelas do famoso custo Brasil.
Então, depois da frustração pela não mudança, uma vez mais os empresários brasileiros parecem preferir lidar com o inevitável de forma pragmática e objetiva. Se é assim que tem de ser, que seja. Se é com esse governo – que já conhecemos – que teremos de lidar, vamos à luta, apesar de tudo.
E o que parece estar prevalecendo é a resiliência típica brasileira e a sua capacidade de tocar a vida, ignorando ou driblando as incongruências e os desmandos dos líderes governamentais.
Neste fim de ano, tenho me dedicado a agendar encontros com os principais líderes da indústria do live marketing para sentir o pulso do momento atual e discutir as perspectivas do nosso mercado.
Faço isso com o chapéu da minha empresa, mas também com os de dirigente de instituições (VP da Ampro e presidente da MPI), e o que tenho encontrado é alentador. Não ouvi lamúrias de um só interlocutor.
Ao contrário, é unânime a atitude de arregaçar as mangas, colocar a faca entre os dentes e ir à luta. É estimulador conversar com empresários cheios de criatividade e de disposição para encontrar caminhos inovadores para trilhar em períodos turbulentos. Dá até para sentir uma ponta de otimismo no ar. Na verdade, a incerteza é sempre mais imobilizadora do que a definição, mesmo não sendo ela a ideal.
Agora que todos sabem com o que vão lidar em 2015 e em pelo menos mais três anos pela frente, planos foram desengavetados e ações foram desencadeadas. Praticamente todas as agências com que interagi relataram uma retomada da movimentação de mercado, não só para os projetos de curto prazo – afinal, o ano ainda não acabou e precisamos buscar o resultado – como de médio prazo, pensando em 2015.
Esse fenômeno deu um novo ânimo num fim de ano complicado, cheio de fatos atípicos que se mostraram nocivos para os negócios. Dando nome aos bois: Copa do Mundo e eleições. Muitos estão aliviados com a chegada ao fim deste ano e com a perspectiva de um ano típico, sem ocorrências extraordinárias. Não é para soltar fogos, já que o ambiente econômico não será dos melhores no próximo ano.
Passado o momento eleitoral, o governo já começou a abrir sua caixa de ferramentas de ajustes, com o aumento dos combustíveis (que vinha eleitoreiramente sendo represado), da energia, além de outros esqueletos que serão tirados do armário. Em termos macroeconômicos – não nos iludamos – teremos um ano complicado em 2015.
Não esperamos budgets polpudos, mas também não se espera nada desastroso. Será um ano de cautela, mas de ação, de pragmatismo. Em artigo anterior, aqui mesmo nesta coluna, reportei um estudo recente da instituição que presido, a MPI, dando conta de que nos EUA e na Europa espera-se um incremento importante na área de eventos, porém, lançando mão de menos recursos.
Ok, podemos dançar conforme essa música. Aliás, o mercado já se acostumou a usar a criatividade para realizar mais com menos. Aqui no Brasil não há um estudo conclusivo, mas há espaços recebendo quase 30% a mais de pedidos de orçamentos para eventos do que no mesmo período do ano passado. É nesse clima que devemos atuar. É de ação que precisamos!
É assim que viramos o jogo!
* Diretor de marketing do WTC