O II Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos do Brasil, realizado pela Abeoc com o apoio do Sebrae e de instituições relacionadas ao setor, já havia demonstrado números parrudos: R$ 209,2 bilhões movimentados no ano (relativo a 2013), o que representa uma participação do setor de 4,32% no PIB brasileiro. Agora foi a vez de o setor de turismo corporativo apresentar  seus números relativos à movimentação em 2014.

O estudo é da ALAGEV (Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas), que apresentou os números atualizados do turismo corporativo durante o seu evento anual principal, o LACTE (Latin American Corporate Travel Experience), em sua décima edição, realizado no fim do mês passado.

O IEVC (Indicadores Econômicos de Viagens Corporativas) 2014, feito pela ALAGEV em parceria com o CNC e o Senac, com o apoio da Abracorp, abrange a movimentação financeira nos seguintes setores: transporte aéreo de passageiros, serviços de hospedagem, locação de veículos no destino da viagem, serviços de agenciamento, serviço de alimentos e bebidas prestados no destino da viagem, e tecnologia. E, a exemplo do dimensionamento econômico de eventos, os números são bastante expressivos.

Segundo o levantamento, a receita de viagens corporativas em 2014 atingiu o valor de R$ 40,17 bilhões, um crescimento de 9,2% sobre 2013. Deste total, os setores de transporte aéreo (52,8%) e de hospedagem (28,64%) ficaram com 4/5 do bolo: 81,44%. Os demais itens mensurados foram: locação de autos, alimentação, agenciamento e tecnologia aplicada ao setor. Se for levado em conta o efeito multiplicador na economia, o valor estimado de movimentação financeira chega a quase R$ 76 bilhões.

Para 2015, a ALAGEV prevê um crescimento de 8,17%, apesar de constatar uma tendência de desaceleração no setor, com mais de 60% das 1.100 empresas pesquisadas projetando redução nos gastos com viagens corporativas. De qualquer maneira, as projeções servem como um certo alento num momento de baixo-astral generalizado no Brasil.

Mas, se olharmos o quadro geral, o potencial turístico do Brasil é muito maior do que se observa atualmente. Estima-se em aproximadamente 9,5% a participação do setor no PIB brasileiro, com uma movimentação financeira aproximada de R$ 445 bilhões.

Não é pouco, mas basta uma análise um pouco mais profunda para concluirmos que o potencial é muito maior. O Brasil possui 7.367 km de praias, florestas e natureza exuberante, bom clima, além de ricas expressões culturais e um povo alegre e hospitaleiro.Tudo isso ainda pouco explorado.

Gostei da fala do ministro do Turismo no evento LACTE 10, quando afirmou que o turismo do Brasil está hoje para a economia assim como a agricultura estava na década de 70. Em pouco mais de 30 anos, vimos o Brasil explodir no agribusiness, tornando-se um dos principais players internacionais, liderando a produção mundial de diversos insumos agrícolas e de proteína animal. O turismo tem potencial semelhante.

Para ilustrar, lembro-me quando fui dar aulas no MBA da FGV Management em João Pessoa, Paraíba. Estando lá pela primeira vez, descobri a Ponta dos Seixas, o ponto mais oriental das Américas. Ou seja, é lá que o sol nasce primeiro nas Américas, o que dá à cidade a denominação de “Porta do Sol”. Você sabia disso? Imagine isso marqueteado de forma competente…

Como se não bastassem todos os demais predicados, o Rio de Janeiro tem também a maior floresta urbana do mundo (a Floresta da Tijuca). E tem a Amazônia, o Pantanal, as festas regionais brasileiras e uma infinidade de oportunidades esperando por um trabalho bem orquestrado para elevar o Brasil a um outro patamar no setor de turismo. Por outro lado, são necessárias políticas públicas competentes para garantir segurança e estrutura condizentes.

De nada adiantará um esforço competente na área de promoção do nosso turismo se a infraestrutura e a insegurança decepcionarem nossos visitantes. Se houve algum legado da Copa, foi a percepção da hospitalidade brasileira.

Pois teremos mais uma grande oportunidade de não só reafirmar essa qualidade, como ampliá-la, com as Olimpíadas em 2016. Quem sabe não estará aí o início de um novo momentum do turismo brasileiro. A ver…

*Diretor de marketing do WTC