Ao se aproximar o último quarto do ano, é natural começarmos a dar mais atenção para o próximo ano do que o corrente. Não que os desafios para garantir boa performance no último trimestre e consequentemente neste conturbado ano ainda não sejam enormes e merecedores de toda a atenção e empenho. Mas a preocupação agora é dividida com o futuro que nos espera no próximo ano.

Nesse mesmo momento no ano passado, o planejamento exigia uma bola de cristal em formato de bola de futebol mesmo: qual a influência da Copa do Mundo nos nossos negócios? Esta era a questão crucial.

Alguns apostaram que a Copa traria muito mais movimentação econômica e apostaram num ano bom, principalmente nos meses de realização dos jogos: junho e julho. Tal previsão mostrou-se equivocada para muitos. Exceção para os hotéis e bares das cidades-sede, que realmente tiveram um significativo incremento de negócios no período. Mas, para os demais setores, a Copa se mostrou mais um estorvo do que um catalisador de negócios.

No campo do live marketing, dos eventos paralelos e ativações em torno do evento principal, a Copa foi desastrosa para a maioria. Quem não conquistou jobs diretamente ligados à Copa, riscou junho e julho do calendário, já que os tradicionais eventos corporativos realizados no período foram cancelados ou transferidos para outros meses.

Pois bem, a Copa passou e agora só nos resta pensar para frente, certo? Mas no meio do caminho para o próximo ano tem uma eleição. E aí a coisa complica outra vez. Lá vamos nós convocar a bola de cristal de novo. Quem será o nosso novo presidente (ou presidenta)? O que esperar de um novo governo em termos macroeconômicos?

Os analistas econômicos preveem um ano difícil, independente de quem seja o próximo presidente. Há ajustes importantes a cumprir. Todos sabemos que há preços controlados demais no campo dos combustíveis e energia elétrica, por exemplo.

Essa represa de preços pode estourar de uma vez no início do ano futuro ou vazar de forma comedida, mas significativa, inundando índices inflacionários. Há ainda a seca histórica que estamos enfrentando e que, tudo leva a crer, terá reflexos importantes nos custos da energia. Ou até gerar um colapso, numa visão catastrofista.

Perante esse quadro, no mínimo nebuloso, só nos resta fazer apostas baseadas muito mais na intuição do que na certeza das previsões. Não adiantará acompanhar atentamente o noticiário econômico. Há economistas que preveem crescimento zero no próximo ano. Outros, são menos catastróficos e apostam numa recuperação econômica após a definição do nosso(a) governante maior.

Mas uma verdade é inquestionável: nós, brasileiros, estamos vacinados dessa insegurança macroeconômica. Já há tempos temos sido capazes de driblar adversidades de todo o tipo. De planos econômicos malucos a inflação anual de três dígitos, o empresário brasileiro já viveu de tudo.

Alguns foram ficando pelo caminho, mas os que resistiram, num processo darwiniano, saíram mais fortes. Talvez sejamos expostos a mais uma importante provação no próximo ano, mas o que não poderemos reclamar é de uma atipicidade, tão alegada para justificar maus resultados neste ano. A Copa e as eleições acabaram sendo razões sacadas a esmo para explicar maus resultados. Seja quem for o futuro presidente, ninguém acredita numa mudança radical na gestão macroeconômica.

Então, ao invés esperar benesses advindas de demandas internacionais excepcionais ou de varinhas mágicas de planos econômicos, é hora de arregaçarmos as mangas e focarmos em melhoras de produtividade, de fortalecimento da competitividade. É hora de tirar mais suco de frutos menos suculentos. Não sei se você já está às voltas com um planejamento para 2015 e na formatação de um budget assertivo para o próximo ano.

Torço para que o medo não prevaleça e que acreditemos na nossa capacidade de tocar os negócios independentemente de políticas governamentais. Torço para que o seu budget preveja crescimento de negócios em 2015. Se todos acreditarmos, nós faremos o ano que queremos.

*Entre em contato com o autor pelo email alexis.pagliarini@sheratonsaopaulowtc.com.br