Quando um site de buscas oferece o melhor preço pelo que o consumidor realmente precisa, indo além das palavras que foram digitadas, está utilizando o Big Data. Parece simples e até pode ser, desde que o investimento na ferramenta que inclui cruzamento e análise de dados e o que se fará com o resultado disso tudo seja levado a sério.
O mesmo excesso de informações que pode tornar-se um labirinto no qual seu consumidor vai se perder, talvez para sempre, encontrando pelo caminho outros produtos e serviços que substituem o seu, pode ser usado a favor da fidelização do cliente. Esse mesmo que deixa cada vez mais rastros de seus hábitos de consumo e preferências por onde passa no mundo digital. E, muitas vezes – e o correto é que seja sempre -, com permissão para que você use dessas informações para tornar a experiência de consumo dele mais agradável, amigável e desejável.
Hoje temos tecnologias que já nos seguem e fazem parte de nossas vidas. E pelas quais pagamos. Os sistemas de localização global, ou GPS, que antes nos guiavam nas estradas e já era um avanço transformador e libertador – quem já dirigiu com mapa de papel no colo vai entender -, hoje identifica onde tiramos determinada foto e salvam a informação em nossos smartphones para serem compartilhadas. É por isso que quando você posta a foto de uma viagem quando já voltou pra casa, mesmo que esteja a milhas de distância, esse sistema inteligente identifica onde você esteve e ajuda você a contar para as pessoas através de suas redes sociais. Ótimo. Mas, sorria. Você está sendo filmado.
O armazenamento, cruzamento de dados e a análise disso tudo é capaz ainda de identificar as pessoas que estavam com você. E cria um roteiro de tudo o que vocês fizeram juntos, deixando pegadas ao alcance do universo Big Data. É muita informação relevante para uma marca que quer fazer parte da vida das pessoas; criar experiências; se tornar indispensável mesmo quando há tantas opções disponíveis. Importante lembrar que estamos nos limitando aqui à capacidade dos smartphones, que são apenas alguns dos inúmeros produtos capazes de lerem e armazenarem os dados de nossas vidas atualmente. E pelos quais pagamos, normalmente caro, para levar pra casa ou, neste caso, para todos os lugares. Já pensou se o seu smartphone falasse? É, e ele fala. E muito. E sobre você, seus amigos, suas marcas, seus consumidores.
Mas então por que ainda oferecemos banners, mesmo que segmentados; filmes, mesmo que com potencial de viralizar; quando o mundo digital é um emaranhado de dados que podem mudar a história de pessoas e empresas? Quando o cruzamento de dados tem revolucionado a medicina, a navegação espacial, a história da humanidade? E por que algumas das últimas pesquisas eleitorais e seus erros muito além das margens aceitáveis nos chocaram tanto? Teriam também chocado quem estava por trás das campanhas, lidando com números e análises e manteve as estratégias arriscando o tudo ou nada? É de parar pra pensar.
Na economia moderna as informações tornam-se ativo valioso e essencial dentro de uma empresa, ao lado do capital humano e, cada vez menos em alguns segmentos, do material. Se considerarmos que com o cruzamento e análise corretos das informações e as tomadas de decisões podem tornar-se cada vez mais assertivas e rápidas, sejam elas da ordem de grandeza que for, e os riscos menores, é fácil imaginar como o Big Data pode ser definitivo no sucesso de uma empresa. Pode garantir sua existência e até liderança num mercado já liderado, ou sua falência. Sem falar na economia de tempo e, consequentemente, dinheiro, que a organização de informações traz para qualquer companhia.
A comunicação pode e deve ser cada vez mais direcionada. Se o usuário X frequenta restaurantes todos os domingos, pode ser que ele aceite sua sugestão para experimentar um novo. Mas pode ser também que o dono da pousada na praia que investe em Big Data descubra que o que ele gosta mesmo é de se reunir com os amigos no final de semana e que em São Paulo não tem muita opção, a não ser restaurantes. E conquistar não só o X, mas toda sua turma de Y, W e Z pra descer a serra e curtir não só o almoço de domingo, mas todo o final de semana juntos.
Produtos e serviços podem ser criados a partir de um resultado eficiente de Big Data, mudando não apenas o destino de uma empresa ou marca, mas de um mercado inteiro. E comunicação é serviço, lembra? E se nós, que vendemos inteligência para ajudar nossos clientes a venderem seus produtos e serviços, ainda não percebemos isso, estamos mesmo precisando organizar as informações que estão todos os dias em nossas mãos. Afinal, mais do que uma Big Idea, podemos oferecer às nossas marcas um valioso serviço de Big Data.
Marcel Matsuda é sócio-diretor de novos negócios da fri.to