Se em anos anteriores o discurso do mercado publicitário em relação à Black Friday no Brasil era mais próximo ao “ok, vamos aproveitar a oportunidade”, este ano a data parece já estar suficientemente consolidada ao ponto de fazer parte dos orçamentos e ações planejadas dos anunciantes e agências desde o começo do ano. Além disso, a sexta-feira negra brasileira tem adiantado parte dos investimentos que tradicionalmente eram direcionados ao Natal e, para 2015, existe até mesmo a preocupação de que o interesse pela festa natalina será menor do que em outros anos para os consumidores. 

O evento, que é inspirado e acontece no mesmo dia da tradicional Black Friday dos Estados Unidos, começou a ser organizada no Brasil em 2010 pelo site Busca Descontos como forma de impulsionar o comercio eletrônico nacional, mas ao longo dos anos ganhou proporções maiores e atualmente abrange tanto lojas virtuais como físicas que participam oficialmente seguindo as regras do Busca Descontos ou até mesmo de maneira independente. (Leia aqui perfil sobre o fundador da Black Friday Brasil).

Segundo Juliano Motta, diretor do BuscaDescontos, organizador da Black Friday Brasil na internet, o evento mudou completamente o calendário de consumo no país, o que impacta diretamente no mercado publicitário. “No e-commerce, as vendas da Black Friday já são maiores que no Natal. Todas as mídias têm pacotes de anúncios para as datas, principalmente as grandes empresas digitais como Google e Facebook. No geral, todas as mídias se beneficiaram, mas o online conseguiu mais vantagens pelo evento ter começado na internet”, diz. 

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Para Motta, uma data que movimentou R$ 871,9 milhões no ano passado e tem expectativa de envolver em torno de R$ 1 bilhão este ano não pode mais ser ignorada por nenhuma marca. “Alterou toda a dinâmica de mídia, anunciantes e agências. Se uma determinada empresa não entrar, pode perder espaço, pois certamente o concorrente já estará fazendo algo”, comenta. 

Dante Lima, sócio-fundador da eNext, consultoria de marketing e soluções para e-commerce, corrobora a teoria. “As expectativas em relação à Black Friday já são maiores que o Natal. Temos que nos preparar com bastante antecedência para atender as demandas.  É incrível o número de acessos que a gente tem a mais no período do evento.  Obviamente há um aumento nos investimentos em mídia, mas ainda não é proporcional ao impacto que a data está gerando”, diz o executivo, sinalizando que a data deve continuar atraindo investimentos de publicidade nos próximos anos. 

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Temor natalino

 O aumento da importância do evento no calendário nacional tem, inclusive, adiantado o movimento de consumo a ponto de causar apreensão quanto ao que pode acontecer no Natal. “Existe um temor de que este ano especificamente tenhamos um impacto negativo nas vendas de Natal”, conta Marcelo Bicudo, co-CEO da Epigram Brand Union. 

Márcio Fischer

Mídia off-line 

Apesar de o evento ter uma natureza online, de acordo com dados de um levantamento da empresa Controle da Concorrência, que monitora o mercado publicitário, na mídia off-line, a Black Friday gerou mais de 1.100 inserções comerciais na TV aberta, o que rendeu um investimento de publicidade de aproximadamente R$ 49,5 milhões.