“Pelo menos uma boa notícia neste ano”. “Viva a democracia!”. Essas foram apenas algumas das enxurradas de frases publicadas por internautas nas redes sociais com a confirmação pela imprensa americana da vitória de Joe Biden sobre Donald Trump, como novo presidente dos Estados Unidos, em 7 de novembro, após vários dias de espera pelo resultado. Elas dão o tom da onda azul (cor do partido democrata, de Biden) que tomou conta do país e da internet, e mostram como tomou força a marca #BidenHarris. O mundo torcia pelo fim da era Trump. Populista, ‘rei’ das bravatas, o presidente coleciona uma série de polêmicas.
O republicano começou o mandato prometendo que ia construir um muro na fronteira com o México para barrar a imigração ilegal. Separou crianças de seus pais, quando estes foram presos na fronteira. Com a explosão do movimento Black Lives Matter, o conservador criticou os manifestantes e mandou as Forças Armadas às ruas para reprimir os protestos. Minimizou a pandemia do coronavírus, se negou a usar máscara em público inicialmente, indo contra a ciência, e errou feio na condução da crise sanitária. Não à toa, o país lidera o ranking de mortos e infectados pela Covid-19 e enfrenta uma grave crise econômica (a semelhança com o Brasil não é mera coincidência).
A eleição de Joe Biden é histórica por vários motivos, a começar pelo recorde de votos que ele recebeu – mais de 72 milhões, batendo o recorde anterior de Obama (do qual foi vice), que teve 69,4 milhões de votos em 2008. Outra façanha: escolher como vice-presidente Kamala Harris, que será a primeira mulher a ocupar o cargo na história dos Estados Unidos, e nos encheu de orgulho com sua trajetória e empatia.
Esta eleição também foi motivo de palmas para a imprensa americana: várias redes de TV interromperam uma transmissão ao vivo de um discurso de Trump, por considerarem que o conteúdo trazia desinformação. Enquanto a apuração dos votos das eleições prosseguia, Trump declarava na Casa Branca que venceria “facilmente” se forem contabilizados “os votos legais”, mas que, se forem incluídos “votos ilegais”, os democratas poderiam “tentar roubar a eleição de nós”. Sem provas, o presidente alega fraude, não aceita a derrota e contesta a eleição com ações judiciais. O resultado será oficializado após o Colégio Eleitoral se reunir, em 14 de dezembro.
Com discurso de estadista, Biden vem repetindo que é hora de colocar o partidarismo de lado, acabar com a polarização e disse que vai governar para todos os americanos. “Não vamos salvar vidas democratas ou republicanas, vamos salvar vidas de americanos”, em referência ao combate à pandemia.
Por aqui, o presidente Jair Bolsonaro – que tem Trump como ídolo – chocou novamente na semana passada ao dizer que o Brasil “tem de deixar de ser um país de maricas” e enfrentar a doença. Ele segue sem reconhecer a vitória de Biden e “ameaça ampliar o isolamento do Brasil, já bastante acentuado em razão do comportamento irresponsável do governo em relação a temas caros à comunidade internacional, como o meio ambiente”, como bem pontuou editorial do Estadão, intitulado Vergonha internacional.
A vitória de #BidenHarris nos encheu de otimismo e esperança por um mundo com menos radicalismo, mais cuidado com o meio ambiente, inclusão social e governantes responsáveis – que deixem de lado as motivações políticas e se unam em prol da vacina contra a Covid-19. Torcemos para que a blue wave se repita por aqui nas próximas eleições, em 2022.