É difícil encontrar um amante do futebol aqui no Brasil que não sonhe um dia assistir ao superclássico argentino em Buenos Aires. O jogo, que reúne as tradicionais equipes do Boca Juniors e do River Plate, é considerado um dos maiores clássicos do mundo – para os torcedores de ambos, com certeza, é o maior.
Santiago Dulce, criativo da JWT, teve o mesmo desejo. Mas não de ir à Bombonera, mítica casa do Boca, nem ao Monumental de Nuñez, o imponente estádio do River, locais que o publicitário já frequentou bastante. E sim ir ao estádio Fernando França, em Carmópolis, cidade a pouco mais de 300 quilômetros de Aracaju e casa do River Plate sergipano, que em abril deste ano enfrentou pela segunda vez na história o time do Boca Júnior (sem o “s” final do “homônimo” argentino), após um empate em 0 a 0 no primeiro jogo, ocorrido em março.
Apesar dos dois times não terem uma rivalidade formada, até pelo fato do time azul e amarelo ser um assíduo frequentador da segunda divisão do Estado (algo que o Boca Juniors nunca experimentou na Argentina, ao contrário do River, rebaixado em 2011 e que voltou em 2012), ela foi criada quase de imediato às vésperas do primeiro jogo. E algo que Dulce colaborou para intensificar após assistir à segunda partida, em abril – que, aliás, para desgosto do torcedor fanático do Boca Juniors, terminou com o placar de 2 a 1 para o River.
Idealizada pelo criativo e com roteiro assinado por ele e por seu companheiro de criação na JWT, Erick Mendonça, o jogo virou um documentário e um site – “El otro superclassico” –, que mostra o lado saudável da rivalidade no futebol e também simboliza todos os “superclássicos” do mundo, fazendo um apelo contra a violência das torcidas. “Todo time depende do seu rival para sobreviver. A violência tem que ser combatida, mas não igual na Argentina, onde há alguns anos a torcida visitante não pode comparecer ao jogo entre e Boca e River”, ressalta Dulce. Tendo como conceito “A rivalidade fortalece”, o documentário foi produzido pela Casulo, de Sergipe, e tem legenda em espanhol.
Segundo Dulce, foi Mendonça que informou a ele sobre a presença dos dois xarás argentinos e que eles se enfrentariam pelo campeonato regional. “Tenho que assistir a esse jogo”, enfatizou na época. “E uma coisa levou a outra. Fomos para lá, contratamos uma produtora local e, munidos de duas câmeras, uma para cada torcida, rodamos o documentário. Eu, claro, fiquei na torcida do Boca. Com a camisa do meu time”, diz.
O projeto pode ganhar a adesão de marcas que tenham como objetivo pregar a rivalidade saudável no futebol. E tem apoio de Ricardo John, CCO da JWT. “Se é uma boa ideia, ela precisa ser incentivada e realizada”. Talvez o publicitário escolheu o jogo certo para ir. Ao contrário do River, vice-campeão em 2013, o clássico pode não ocorrer no próximo ano, já que o Boca local está de volta à segunda divisão.
Só para constar – para o último domingo (6), às 17h, no Monumental de Nuñez, aconteceu mais uma edição do superclássico. Entrevistado antes da partida, Dulce disse que, com certeza, mesmo na casa do rival, o resultado seria diferente do placar do jogo de Sergipe. E acertou: seu time celebrou a vitória pro 1×0 contra o River.