Em 1952, um anúncio com uma garotinha negra associava seu cabelo a uma esponja para limpeza de cozinha, a Krespinha. A peça foi publicada em jornais de São Paulo e anunciava a chegada do produto – famoso no Rio de Janeiro – na capital paulista. Passados quase 70 anos, a Bombril supôs que um produto do mesmo nome seria uma boa ideia. Ledo engano.
Em plena efervescência dos protestos antirracistas pelo mundo, consumidores encontraram este link no site da marca:
A marca vem sofrendo uma enxurrada de críticas nas redes sociais. No Twitter, por exemplo, a hashtag #BombrilRacista segue no topo dos assuntos mais comentados no Brasil desde a madrugada desta quarta-feira (17).
O achado caiu como uma bomba nas redes sociais. “É preciso ter profissionais pretos nas agências de propaganda e no marketing das empresas para que coisas lamentáveis como essa não aconteçam”, escreveu Ricardo Silvestre, fundador da agência Black Influence.
“Krespinha, a esponja de aço da Bombril, perpetua estereótipos racistas e imagens de controle que associam o corpo de mulheres negras ao trabalho doméstico pesado. O nome e o mkt é baseado em racismo. Fere historicamente a subjetividade de mulheres negras e segue firme no mercado”, postou Winnie Bueno, pesquisadora e ativista do movimento negro.
“Todo um esforço para educar a população sobre racismo e vem a empresa associar cabelo crespo com palha de aço”, escreveu outro internauta.
A repórter Ana Paula de Carvalho lembrou bem que o produto não está sozinho na gama de associações racistas:
Coincidentemente, a marca norte-americana Aunt Jemima anunciou esta semana um rebranding para abandonar o estereótipo racista de seu produto, comercializado desde 1889.
A marca de xarope e panqueca ganhará um novo nome e imagem, conforme anúncio da Quaker Oats, subsidiária da PepsiCo. A empresa reconhece que as origens da marca “são baseadas em um estereótipo racial”.
Procurada pelo PROPMARK, a Bombril ainda não se manifestou.