Musk comprou o Twitter nesta semana por US$ 44 bilhões, o equivalente a R$ 215 milhões

A principal notícia do mundo dos negócios e da internet mundial nesta semana foi a compra do Twitter por Elon Musk, após o conselho da rede social ter aprovado a oferta de US$ 44 bilhões. Com isso, depois da conclusão da transação, o Twitter se tornará uma empresa de capital fechado.

O valor da compra representa um prêmio de 38% aos acionistas da companhia em relação ao preço de fechamento das ações do Twitter em 1º de abril de 2022 , que foi o último dia de negociação antes de Musk divulgar sua participação de aproximadamente 9% no Twitter.

Após fecharem o acordo de compra, o dono na Tesla — e agora do Twitter — passou a fazer comentários sobre a liberdade de expressão na rede, afirmando que espera que "até os piores críticos permaneçam no Twitter, porque é isso que significa liberdade de expressão" e que vai deixar a rede "mais divertida".

Musk também falou que para que o Twitter tenha a confiança dos usuários, a rede deve ser politicamente neutro, "incomodando a extrema direita e a extrema esquerda igualmente".

"Eu acho que esse discurso de poder ter uma empresa aberta e inclusiva para poder gerar discussão, eu não acredito que esse é o principal interesse dele. Talvez, como ele é um empreendedor muito sagaz o que ele tenha visto é uma empresa muito mal administrada, com enorme potencial e relevância com chances de crescer absurdamente sob a gestão dele", afirmou André Palis, CEO da Raccoon.Monks.

Já segundo Marcelo Tripoli, CEO da Zmes, ainda é cedo para cravar as mudanças que a rede deve sofrer, inclusive para o mercado anunciante. "Existe ainda todo um processo de regulatório e acomodação do que realmente vai acontecer na prática. Publicamente, o Elon Musk já declarou que quer uma menor dependência do Twitter em relação à receita publicitária. Pode ser então que, no longo prazo, a estratégia do Twitter caminhe para o mesmo lado comercial de outras plataformas", afirmou Tripoli.

Apesar de ainda nebuloso, o CEO acredita que a publicidade deva continuar relevante na plataforma. "A sustentabilidade de uma plataforma cara como o Twitter depende da publicidade e, com a promessa do Elon Musk em eliminar os “bots” e utilizar algoritmos mais transparentes, a experiência tanto para o usuário quanto para os anunciantes vai melhorar", completou.

Em relação aos anunciantes, Lucas Ocasso, head de tecnologia da Rocky.Monks, acredita que as mudanças serão graduais. "Todos irão se acomodar nos espaços criados de acordo com a opinião pública em relação a essas mudanças", explicou Ocasso.

Dentre todas as possibilidades, a de ter um botão para editar os tweets é uma das mudanças que João Vitor Rodrigues, professor de marketing digital da ESPM Rio, acredita que deva acontecer e, além da abertura dos códigos dos algoritmos da plataforma.

"A possibilidade de editar um tweet é um pedido antigo de parte dos usuários da rede, mas não é unanimidade. A segunda é importante para a sociedade, para pesquisadores, analistas, mas também pode acabar dando munições para que determinados grupos entendam como os algoritmos funcionam e, assim, elaborem táticas para escapar das regras que impediriam o compartilhamento de desinformação, por exemplo", completou o professor.