Conteúdo de marca cresce por estabelecer diálogo mais próximo entre anunciantes e a sociedade; produtoras acreditam em caminho sem volta

Nos últimos anos, tem aumentado muito o interesse das marcas em desenvolver conteúdos de branded content. O crescimento desse tipo de trabalho tem muito a ver com a vontade de experimentar linguagens diferentes para atrair cada vez mais o consumidor.  E os trabalhos têm correspondido com resultados relevantes.

Rejane Bicca, diretora de publicidade da O2 Filmes, acredita que o aumento da procura por conteúdos de marca na sua produtora está muito relacionado a um reconhecimento da conexão natural que existe nela entre as áreas de publicidade e entretenimento. “Sempre trabalhamos   unidos, com todas as áreas conectadas de alguma forma. E, com o passar dos anos, essa conexão teve um impacto positivo na procura por branded content. Só nos últimos três anos, percebemos um crescimento entre 40% e 50% na procura de marcas interessadas nesse tipo de conteúdo”, revela.

Ela acha ainda que o branded content seja mais uma opção de diálogo com o público, visualmente muito atrativo, que interessa muito. “Isso porque o branded é uma forma adicional para os anunciantes que já trabalham com vários formatos e plataformas diferenciadas. E nada como ter um conteúdo inovador, diferente, que acaba atraindo a atenção. Então, o cliente que não teve a oportunidade de trabalhar com esse formato está flertando e testando essa possibilidade, enquanto o cliente que já trabalha com esse tipo de conteúdo busca a solidificação como um gerador do entretenimento de marca”, explica.

Para ela, a publicidade está bem eclética e os profissionais têm muitas visões e olhares diferenciados para serem trabalhados. “E a entrega de uma visão mais cinematográfica, com um perfil de entretenimento, vem se tornando uma tendência. Então, a linguagem proposta pelos diretores para esse tipo de conteúdo é menos convencional, em comparação aos filmes e conteúdos que estamos mais acostumados a ver em 30 segundos, o que acaba reforçando essa característica de entretenimento”, comenta.

Rejane Bicca: brandend content é uma forma adicional (Divulgação)

Caminho sem volta
Rejane concorda que o branded content é uma tendência forte. Segundo ela, é um caminho sem volta. “Esse tipo de formato oferece mais uma possibilidade em que os clientes podem apostar e terem a sua marca como provedora de entretenimento. Nesses filmes, o conteúdo de marca está fortemente presente, mas a narrativa traz as mensagens-chave de um jeito mais natural, dentro do roteiro, misturadas com a história”. Para ela, com esse tipo de material, o cliente se aproxima mais da vida e dos desejos dos consumidores de uma forma leve. “O objetivo é estar mais próximo do dia a dia do consumidor”, exemplifica.

A executiva fala de alguns trabalhos que, para ela, são referência na área. Entre os primeiros que cita, que ficaram marcados na memória do público, estão: para Vivo, em um clipe de Eduardo e Mônica, com a Africa em 2011; e ainda o filme O Último Gol do Pelé, criado pela Y&R (atual VMLY&R, em 2010), que foi premiado em Cannes.

“A partir desse momento fizemos história com muitos conteúdos de marca relevantes. Desenvolvemos a websérie 01.09 para Volkswagen, em conjunto com a AlmapBBDO; e o documentário Bekoji para Ambev, com Crispin Porter + Bogusky Brasil, filmado na Etiópia”, conta.

Rejane fala também que elaboraram temporadas da série Quase numa boa com a AlmapBBDO, para a Cerveja Antarctica, entre 2016 e 2018. E, mais recentemente, fizeram Farofadas de Natal para o Guaraná Antarctica no Natal de 2021, com a Soko. “Também tivemos três curtas muito interessantes para a Fiat Toro juntamente com a Leo Burnett, que inclusive foram bem-sucedidos em festivais internacionais e brasileiros no entretenimento. E, no segundo semestre do ano passado, um dos nossos projetos mais comentados no mercado foi o filme Buscapé para a Vivo e Motorola, em conjunto com a VMLY&R”.

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