Premiado em outros festivais, case criado pela Ogilvy para Dove fez sucesso no D&AD

 

Foi um bom ano para o Brasil na 52ª edição do D&AD, a prestigiada competição de propaganda e design da inglesa D&AD, associação sem fins lucrativos dedicada à formação profissional. O país conquistou 11 Nominations (indicações a Lápis) e 26 In-Books (trabalhos incluídos no Anuário do festival), sendo que, segundo fontes do propmark, deve confirmar pelo menos três Lápis Amarelos para “Retratos da real beleza”, da Ogilvy para Dove, nas categorias Integrated & Earned Media, White Pencil e Digital Marketing.

Independentemente da confirmação, porém, a Ogilvy já pode confirmar o posto de agência brasileira de maior destaque, com oito premiações. A Leo Burnett fica em segundo, com sete (cinco In-Books e dois Nominations), enquanto a AlmapBBDO levou para casa outras sete (seis In-Books e um Nomination).

A categoria em que o Brasil mais se destacou foi Press: um total de 11 In-Books. Em seguida, as melhores performances foram em Digital Marketing e Branding, categorias com quatro prêmios respectivamente. Na categoria Integrated & Earned Media, o Brasil levou três prêmios: um Lápis Amarelo com “Retratos da real beleza”, um Nomination para “Enterro do Bentley”, da Leo Burnett Tailor Made para ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) e um In-book para “A loja vazia”, da Loducca para a Campanha do Agasalho.

“O júri foi o mais equilibrado, sincero e maduro que já participei. Acho que a credibilidade do D&AD faz toda a diferença do mundo. Assim como o CCSP, o fato do D&AD ser uma entidade sem fins lucrativos acaba conferindo uma seriedade e um compromisso dos jurados que não se vê em outros festivais. Os trabalhos brasileiros premiados, pelo menos neste júri, demonstram isso”, comentou Fernando Campos, sócio e diretor de criação da Santa Clara e jurado em Integrated.

Em Outdoor, o Brasil também conquistou três prêmios: um Nomination para “Enterro do Bentley” e os In-Books “Labirinto”, da Y&R para Honda; e “Placas”, da Almap para Volkswagen. Rui Branquinho, vice-presidente de criação da Y&R e jurado na área, não achou boa a performance do Brasil. Segundo ele, “Bentley” por pouco não caiu porque os jurados não reconheciam nele um trabalho de poster, mas acabou subindo para Nomination durante as discussões finais.

O Brasil conquistou duas Nominations no rigoroso júri de TV & Cinema do D&AD: um com “Retratos da real beleza”, da Ogilvy para Dove, e outro com a campanha “Side Assist”, da Almap para Volkswagen. O júri foi rigoroso, concedendo 30 In-books, 11 Nominations e apenas um Lápis Amarelo. Apenas 3% das mais de 900 inscrições ganharam prêmio. Eduardo Lima, diretor de criação da F/Nazca S&S, diz que nunca participou de um júri tão rigoroso, mas elogiou a condução das discussões pelo presidente, o iraniano Amir Kassaei, CCO global da DDB – que também conduzirá o júri de Film no Cannes Lions desse ano. “Não vimos realmente nada muito inovador, mas o foco continua sendo nas boas ideias, e principalmente nas que se tornam parte da cultura”, disse Lima.

Na categoria Magazine & Newspaper Design, em que o Brasil não tinha representante no júri, o país conquistou duas premiações: um Nomination para “Primeiro de abril”, criação da Africa para Folha de S.Paulo; e o In-book “O que as Vandas não contam”, jornal da Greco Design.

Em Direct, chegou a Nomination “Campo desmatado”, da Grey para a ONG WWF, e levou In-book mais uma vez “Enterro do Bentley”, da Leo para ABTO. O jurado brasileiro na categoria, Guilherme Jahara, CCO da F.biz, contou que estranhou um pouco a condução pouco participativa no júri pela presidente. O perfil matemático do processo de escolha do D&AD causou desconforto. “Estou acostumado a júris onde há maior troca. O voto secreto no iPad a cada etapa não permite que as pessoas se coloquem. Foi diferente, mas o lado positivo é, sem dúvida, não permitir que as pessoas fiquem constrangidas com suas opiniões”, observou.

Segundo ele, a profusão de subcategorias em Direct e o volume de peças que pareciam não sei encaixar nelas dificultou o trabalho. “Nem sempre estava claro o que esperar de determinadas subcategorias e muitos trabalhos, como “Retratos da real beleza”, foram eliminados porque não tinham artifícios de Direct claros o suficiente para estar na categoria. Mas a qualidade do que ficou é indiscutível”, comentou. “O que se viu muito são marcas que tornam seu discurso ‘social’ mais amplo do que elas próprias. Como no case ‘Hope Soap’, um sabonete com um brinquedo dentro feito para estimular crianças a lavar as mãos na África do Sul, criado pela Y&R. É o ‘Kinder Ovo’ dos sabonetes”, acrescentou.

Na categoria de “Writing for Advertising” (redação em propaganda) o Brasil conquistou um In-book com a campanha “Despedida da Kombi”, da AlmapBBDO para VW. Icaro Dória, diretor-executivo de criação da Wieden+Kennedy São Paulo, foi o único jurado cuja primeira língua-mãe não era o inglês. Foram ao todo escolhidas 22 peças, sendo sete Nominations e apenas 1 Lápis Amarelo. “Foi um júri calmo, sem embates ou política”, relatou.

A campanha “Letras”, da Leo Burnett para Fiat, conquistou In-book nas categorias Crafts for Advertising e Crafts for Design, nas quais o Brasil também não teve representantes brasileiros. No concorrido White Pencil, que destaca trabalhos de cunho social, foram um Nomination e um In-book. O Nomination ficou com “Retratos da real beleza”, da Ogilvy para Dove, enquanto o In-book foi para “Superfórmula para lutar contra o Câncer”, da JWT para o hospital A.C. Camargo. O presidente da categoria este ano foi o brasileiro Anselmo Ramos, vice-presidente de criação da Ogilvy e sócio da David.

Brasil ficou em quarto lugar

Com os resultados, o Brasil terminou o D&AD como o quarto país mais premiado, atrás da líder Inglaterra (179), Estados Unidos (118) e França (48), permanecendo na mesma posição conquistada em 2013. Japão e Austrália ficaram em quinto lugar com 35 prêmios cada. No ano passado, o Brasil levou quatro Lápis amarelos, oito Nominations e 18 In-books. Para a indústria, estar no livro já é um prêmio.

A lista completa de Lápis amarelos e Pretos (os cobiçados Black Pencils) será conhecida em cerimônia no dia 22 de maio, em Londres. Este ano a premiação cobriu 24 categorias, sendo que o Brasil teve 11 jurados. Das 20 mil inscrições, foram premiadas ao todo 683.