Já virou tradição. Para além da rivalidade no futebol, como acontece na maioria dos anos, Brasil e Argentina devem ser os países com mais representatividade e liderança criativa no Fiap (Festival Iberoamericano de Publicidade) 2012, que acontece pela primeira vez em Miami, nos Estados Unidos, entre esta segunda (30) e quarta-feira (2).
A avaliação é de boa parte dos oito jurados brasileiros que vão representar o país no festival de língua portuguesa/espanhola. O presidente do Fiap, Daniel Marcet, afirma que em Miami há mais possibilidades de se fazer um festival maior do que em Buenos Aires, capital argentina, onde sempre foi realizado. Outra vantagem é deixar de ficar estigmatizado como um ‘reduto argentino’. “O Fiap sempre foi um festival muito imparcial, transparente, mas o fato de a Argentina ganhar muitas vezes deixou a competição um pouco estigmatizada”, destaca Marcet. O executivo diz que houve aumento de cerca de 5% no volume de inscrições, mas os números ainda não foram finalizados.
Mario D’Andrea, sócio e cco da Fischer & Friends e jurado nas áreas de Cine & TV e Copa Iberoamérica, destaca a tradição da Argentina em filmes e do Brasil em mídia impressa e acredita que os países de língua espanhola levam certa vantagem pela rapidez de entendimento. “Porém, isso depende muito de cada categoria. Filmes, por exemplo, acho que a liderança da Argentina ainda é muito forte. Já em print, o Brasil ainda se destaca. Em campanhas integradas e digital, até pelo tamanho do mercado, o Brasil deve mostrar coisas importantes. A beleza do festival é essa: não dá para ter certeza de nada antes de começar o julgamento”.
Assim como D’Andrea, outros jurados brasileiros têm expectativas grandes em conferir o que de melhor está sendo feito em outros países e entender para onde está caminhando a publicidade sul-americana. “O Fiap é importante como qualquer outro festival, mas ele é especialmente válido para saber como os países mais próximos do nosso estão resolvendo os mesmos problemas”, avalia Mariana Sá, diretora geral de criação da Lew’LaraTBWA, que integrará o júri de Design.
André Kirkelis, diretor de criação da Ogilvy e jurado em Inovação em Meios, lembra que certamente aparecerão ideias geniais, que podem sair de qualquer lugar. “A expectativa é de que o Brasil e a Argentina irão liderar pelo histórico e pela quantidade de grandes ideias que vêm emplacando recentemente. Mas nunca se sabe. Vão aparecer aqueles trabalhos geniais que, por mais que um país ganhe na quantidade, todos só vão lembrar deles. E isso pode vir de qualquer uma das agências que estão participando, certo?”, observa o criativo.
Em relação a tendências, Ruy Lindenberg, sócio e vice-presidente de criação da Leo Burnett Tailor Made e jurado em Gráfica, Via Pública e Campanhas Integradas, comenta que o conteúdo deve ser o grande destaque. “Acho que cada vez mais o conteúdo vai ter uma importância grande no cenário publicitário.” Lindenberg também faz um contraponto sobre a hegemonia do Brasil e Argentina. “A globalização está tornando o conhecimento e a informação mais rápidos e trabalhos inovadores estão aparecendo em outros centros”.
Os outros quatro profissionais brasileiros no júri do Fiap são: Álvaro Rodrigues, sócio e vp de criação da DM9Rio, em Promo e Rádio; Felipe Cama, diretor geral de criação da Dentsu, como presidente do júri de Internet; Alex Mehedff, ceo da Hungry Man América Latina, em Técnicas de Produção Audiovisual; e Cristina Toletti, sócia-diretora da XComunicação, em Relações Públicas.