O diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel, e Frédérique Bredin, presidente do Centre Nacionale du Cinéma et de l’Image Animée, assinaram na quarta-feira (8) um protocolo de cooperação com a intenção de facilitar os trâmites para a produção para a televisão e novas mídias entre os dois países. As conversas tiveram início há três anos.

“Precisávamos remover obstáculos  à produção para televisão e novas mídias. Já há uma tradição no cinema. Estamos muito próximos para que os ministérios de Relações Exteriores dos dois países dêem esse passo”, disse Rangel.

Segundo ele, é um desafio importante dentro da política audiovisual brasileira ter acordos que possam ir além da produção para o cinema. O acordo gira em torno de eixos fundamentais como a capacitação profissional, desenvolvimento de estratégias de combate à pirataria e intercâmbio de dados e informações.

Uma vez ratificado pelos ministérios de Relações Exteriores dos dois países, o protocolo assinado durante o RioContentMarket, coproduções audiovisuais entre os dois países terão mais facilidade de tornar as obras criadas em parceria produtos nacionais em cada território. Dessa forma, o mercado se abre em ambas as fronteiras, desde que os parceiros minoritários financiem ou produzam pelo menos 20% da obra audiovisual.

 

Incentivos regionais

Uma das principais chaves para diversificação da produção audiovisual independente no Brasil, os incentivos regionais, foram abordados por representantes de secretarias de Cultura estaduais durante o RioContentMarket 2017. Um dos exemplos foi apresentado por Fernanda Machado, diretora de Fomento à Indústria Criativa da Secretaria de Estado de Cultura e Companhia do Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).

Em 2016, 37 projetos audiovisuais de Minas Gerais receberam apoio de R$ 8 milhões no total. Também apresentou o edital Olhar Independente, parceria com a Rede Minas, TV pública. Para esse projeto, o Codemig investe atualmente R$ 928 mil. Esse projetodeverá receber um aporte total de até R$ 17 milhões junto à Ancine.  Coordenador do Pró-Cultura RS, Rafael Balle apresentou políticas públicas de financiamento direto e indireto do Rio Grande do Sul. Um dos exemplos é o Pró-Cultura RS LIC, benefício fiscal para empresas, que já liberou cerca de R$ 35 milhões e viabilizou obras como ‘Oeste do Fim do Mundo’, ‘Os Senhores da Guerra’, ‘Oxigênio’ e ‘Pequeno Dicionário Amoroso’. Já o Pró-Cultura FAC (Fundo de Apoio ao Cinema) é um fomento direto, que esse ano deve liberar R$ 19 milhões.

Uma das particularidades da Secretaria de Cultura de Pernambuco, apresentada por Milena Evangelista, coordenadora de Audiovisual do órgão, é o projeto Cinema na Estrada, que leva filmes a praças públicas em cidades sem cinemas (32 municípios em 2016). Ela também salientou as linhas de incentivo do Funcultura (Programa de Fomento ao Audiovisual de Pernambuco) que contempla longas, produtos para TV, curtas-metragens, pesquisa, difusão e cineclubismo. Além disso, o programa que financia produtos idealizados e dirigidos por profissionais do estado possui cota de 20% do fundo para diretores negros ou indígenas. Projetos que incluem mulheres em cargos de produção e direção também recebem maior pontuação em editais.