Existem, hoje, mais de 5 bilhões de celulares e mais de 500 milhões de tablets no mundo. As duas principais distribuidoras, a App Store e a Google Play, já registraram mais de 100 bilhões de downloads por ano. Segundo especialistas, há duas maneiras de mensurar a receita desse mercado. A relação entre consumidores e distribuidores – por meio da compra de aplicativos pagos e conteúdos premium para aplicativos gratuitos – forma parte desse montante, algo em torno de US$ 20 a US$ 25 bilhões por ano. E o Brasil aparece com 1,5% do total mundial de downloads – com cerca de US$ 1,5 bilhão de faturamento anual, o país figura na 11ª posição do ranking de países com mais lucro nesse segmento.
De acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a proporção de internautas no Brasil passou de 49,2%, em 2012, para 50,1%, em 2013, do total da população. As informações são parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente a 2013. O Brasil ganhou 2,5 milhões de internautas (2,9%) entre 2012 e 2013, totalizando aproximadamente 86,7 milhões de usuários de internet com dez anos ou mais.
“O mercado para desenvolvimento de aplicativos está bem mais maduro no Brasil do que há quatro anos, mas ainda está longe de ser um mercado onde as melhores práticas prevalecem”, afirma Fabiano Destri Lobo, diretor da Mobile Marketing Association Latam. Ainda segundo Lobo, a facilidade de desenvolver um aplicativo é algo bom, pois facilita o desenvolvimento de diversas ideias de forma bem democrática.
“Mas também pode ser uma experiência ruim, se a ideia for desenvolvida sem planejamento ou a observação de melhores práticas”, diz. “Estamos trabalhando com nossos associados para criar um guia prático de melhores práticas e também um diretório de empresas que seguem essas melhores práticas para facilitar o crescimento do mercado de forma estruturada”, completa.
Em relação à publicidade, Lobo acredita que ainda é preciso evoluir. “A publicidade em aplicativos ainda é muito focada em display banners, o que é muito frustrante, mas ao mesmo tempo, grandes empresas começam a experimentar formatos de rich media e vídeo que geram mais engajamento e, sem sombra de dúvidas, serão o futuro da mídia em aplicativos”, afirma.
Já Marcelo Castelo, head de mobile e operações nos Estados Unidos da F.biz, acredita que os aplicativos podem influenciar a publicidade de diversas formas. “Assim que cheguei aos Estados Unidos, percebi que as marcas se relacionam com os clientes por meio de celular de uma maneira totalmente diferente da que estamos acostumados no Brasil. Lá as marcas procuram gerar conteúdos relevantes para seus usuários, seja por meio de serviços como ofertas personalizadas – pois, como já possuem informações a respeito do consumidor, eles sabem o que ele consome e como consome –, seja por meio da praticidade, para tornar a vida das pessoas mais prática”, conta.
Castelo revela ainda os benefícios da geolocalização que os aplicativos proporcionam: “Com esse recurso, os anunciantes conseguem oferecer promoções personalizadas, pois sabem onde seus consumidores estão, o que consomem, quantas vezes consomem e o que desejam consumir”, diz.
Rodrigo Tafner, coordenador do curso Sistemas de Informação em Comunicação e Gestão da ESPM, acredita que o Brasil está num caminho de crescimento quando o assunto é tecnologia. “E é a mesma situação com os aplicativos, que cresceram bastante por conta do aumento do número de smartphones e dos tablets”, diz.
Para ele, o principal que faz o país ver esse crescimento é o mercado. “O brasileiro tem o espírito empreendedor e isso ajuda bastante”, ressalta. “O custo é muito baixo para se criar um aplicativo”, destaca. Tafner também destacou um ponto negativo. “A falta de mão de obra qualificada é um problema que o Brasil enfrenta”, garante.
Funcionalidade
Já Vinícius Porto, sócio-fundador da PorQueNão?, é defensor da ideia de que mobile é funcional e serviço. “Penso hoje nos aplicativos como solucionadores de problemas”, diz. “Esse mundo está apenas começando. Tecnologicamente já é possível fazer muitas coisas, mas precisamos fazer coisas que sejam úteis e não só viáveis tecnologicamente. É fundamental termos o ser humano no centro dessa estratégia”, afirma.
Porto ainda destacou a inovação que as marcas estão perseguindo. “Por continuarem insistindo em um pensamento tradicional em um meio completamente novo, as marcas não estão inovando rápido o suficiente e deixando lacunas enormes, que vêm sendo preenchidas por startups”, ressalta.
Exemplos não faltam para a citação do executivo: WhatsApp, Duolingo, Evernote, entre outros. “O Waze é outro exemplo: por que ele não foi criado por uma empresa do setor automobilístico?”, questiona. “Aparentemente, as grandes empresas preferem esperar o sucesso dessas empresas e depois adquiri-las. É um caminho, mas não me parece o mais inovador”, diz.
Já para Fabiano Destri Lobo, da Mobile Marketing Association Latam, “o futuro de desenvolvimento de aplicativos é brilhante tanto para celulares e tablets quanto para o que está por vir”. “Existem diversas aplicações para wearables e devices conectados que irão mudar nossas vidas e nossa rotina”, afirma.
A PorQueNão? é dona do case da Suvinil: o “Suvinil Cores”, que definiu o posicionamento referência e segurança da marca. “Lançamos também o primeiro produto da marca para tablets, ‘Guia Suvinil’, trabalhando como posicionamento, inspiração e educação”, conta Vinícius Porto. “Ao longo dos dois anos seguintes, trabalhamos no entendimento do usuário dessas ferramentas e a partir da análise desses dados, somados a reviews de usuários, movimentação da concorrência e evolução tecnológica, fomos crescendo e lançando ferramentas”, diz.
Em 2013, a empresa lançou mais um produto da marca: a “Crie Suvinil”, que definiu como posicionamento “envisioning e epowering”, permitindo aos usuários inspirar-se por meio de conteúdos exclusivos e simular a pintura de seus ambientes antes da execução, garantindo assim um resultado final feliz.
Com o objetivo de inspirar o consumidor e trazer novidades em decoração, o “Ideias Suvinil” conta com todos os estudos de tendências de cores da marca e apresenta os últimos movimentos desse universo. Além disso, a ferramenta traz fotos de espaços com as cores aplicadas, para inspirar o usuário. Outros cases emblemáticos também ilustram esse cenário. É o caso da EasyTaxi e da 99Taxi. Este último, por exemplo, atingiu recentemente 10 milhões de corridas agendadas. Um balanço do serviço desde seu lançamento mostra que a plataforma conta com 70 mil taxistas registrados em seu cadastro, o que, dizem, representa metade da frota do país. Por mês, eles realizam, em média, 1,2 milhão de corridas, pelas quais recebem, também em média, R$ 25.