Talvez nunca se tenha falado tanto na construção de uma marca para a cidade do Rio de Janeiro quanto nos últimos tempos, desde quando a cidade foi escolhida para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, entre outros eventos importantes. O branding da cidade nunca esteve tão em voga e parte das pessoas responsáveis por essa construção estiveram presentes no primeiro seminário de “Place Branding” intitulado “Directions – Lugares são marcas”, promovido pela empresa de design Saravah em parceria com o Instituto Europeu de Design (IED), no Rio. O evento reúne ao longo desta sexta-feira (17) especialistas do mundo inteiro, e contou com algumas palavras na abertura do ministro do Turismo, Vinicius Lages, que confessou que ele próprio está empenhado em criar um projeto consistente de construção da marca Brasil.
“O Brasil tem um problema de posicionamento global. Precisa trabalhar sua competitividade, entre outros atributos. Temos um país riquíssimo em narrativas e precisamos contá-las. É importante saber aonde queremos chegar, e tenho uma área de marketing empenhada em cuidar disso. Queremos melhorar nossa percepção diante do mundo”, salientou.
Neste sábado (18) um grupo se reúne em um workshop fechado dedicado a pensar a marca Rio de Janeiro. A coordenadoria Imagem Rio, criada a há cerca de um ano e meio pela Prefeitura do Rio de Janeiro, está envolvida diretamente.
“O Rio de Janeiro nunca passou por tantas transformações, e ainda há muito a ser feito. Estamos iniciando o processo de pensar aonde queremos chegar, e que marca desejamos (re)construir. É um processo longo e necessita que se respeite o tempo que a cidade precisará para conectar a imagem que queremos passar com a experiência real das pessoas”, explica Bruno Henrique, assessor da coordenadoria Imagem Rio.
Martin Boisen, dinamarquês que mora na Holanda e comanda a empresa de place marketing e place branding Phonix, na Holanda, diz que um dos grandes desafios de construção de marca das cidades é sempre a verba. “Há pequenas empresas com mais verba do que muitas cidades”, comentou.
Para ele, é essencial unir percepção e realidade nos projetos de place branding. “Todo lugar é uma marca, pois ela naturalmente gera associações, puxa pela memória das pessoas. O mundo é um palco, e cada cidade tem nela um papel. Cabe a cada uma levantar sua voz e procurar brilhar”, concluiu.
Mike Rawlinson, designer urbano da empresa City ID – parceira da Saravah nos EUA e na Inglaterra – apresentou o conceito de “Legible Cities”, literalmente cidades legíveis, que consiste em oferecer uma “leitura fácil” para os habitantes, e permite que eles construam seus mapas mentais de maneira clara. Ele apresentou diversos cases em que trabalhou, como o completo redesign urbano da cidade de Bristol, na Inglaterra, a revitalização da região leste de Londres para a realização dos jogos olímpicos por lá, e o mais recente, na cidade de Nova York, intitulado “Walk NYC”, em que áreas inteiras foram repensadas para humanizar a cidade. NY ganhou, por exemplo, um projeto de compartilhamento de bicicletas e ruas passaram a ser fechadas durante o verão para se tornarem áreas de lazer para os novaiorquinos.
“Cidades precisam ter marcas autênticas. Espaços se tornam lugares quando eles têm significado, memória, lembranças, algo mais metafísico. É preciso entender suas camadas, costurar suas estruturas, para fazer com que a experiência das pessoas seja única, e não falo só de arquitetura mas da vivência dos usuários. Elas precisam se sentir na cidade, reconhecê-la o tempo todo.”, disse Rawlinson.