Os brasileiros consideram que a TV por assinatura tem mais conteúdo repetido do que eles gostariam de ver. Esse é o retrato feito de 75% dos entrevistados de uma pesquisa online realizada com exclusividade para o PROPMARK pelo MeSeems, que traçou um raio X dos assinantes de TV paga, meio que vem perdendo espaço. No início de 2015, o setor tinha 19,65 milhões de assinantes, mas os números começaram a cair e o ano fechou com 19,05 milhões de assinaturas, segundo dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
A opinião entre os entrevistados se divide quando questionados se concordam ou não com os programas reprisados. 31% disseram que concordam em ver programas repetidos, pois aproveitam para assistir algo que não conseguiram ver antes, e 17% concordam porque não se importam de ver um programa novamente. Em contrapartida, 19% não concordam e acham que a TV paga deveria exibir só programas inéditos, já que o conteúdo é pago. 18% mudam de canal quando notam que o conteúdo é repetido e 13% não concordam porque há serviço on demand disponível.
Líder em pesquisas online em tempo real, o MeSeems ouviu 1.000 pessoas em todo o Brasil, sendo que 73% delas se declararam assinantes de TV por assinatura. Entre elas, a maioria (68%) assiste TV todos os dias. Mas também há aqueles que assistem entre uma e quatro vezes por semana (23%). As operadoras mais utilizadas são Net (41%) e Sky (31%).
Os principais conteúdos vistos são: filmes (58%), séries (54%), esportes ou programas esportivos (20%) e notícias ao vivo (19%). Entre os assinantes da classe C, há uma tendência em concordar menos com o conteúdo repetido: 26% não concordam contra 17% das pessoas nas classes AB.
Os canais ouvidos pelo PROPMARK são categóricos ao afirmar que a estratégia de reapresentações é usada por ser prática comum no mercado. “A GloboNews é um canal com programação ao vivo na maior parte do tempo. Em grandes coberturas, como os atentados em Paris, a tragédia em Mariana e a prisão do senador Delcídio do Amaral, por exemplo, o canal chega a ficar mais de 12 horas ao vivo, direto. No caso dos programas, a estratégia de reapresentações é usada por ser prática comum entre todos os canais de TV paga. Os telespectadores estão acostumados com isso”, disse Eugenia Moreyra, diretora da GloboNews.
Segundo a executiva, a audiência confirma a estratégia. “Tanto que, geralmente, os programas em reprise têm audiência maior que o inédito. Eles são favorecidos pela oportunidade de comunicarmos ainda mais estes conteúdos, pelo boca-a-boca e pela repercussão nas redes sociais. Além disso, os horários alternativos permitem que o assinante assista à programação no horário que for mais conveniente para ele”, reforçou Eugenia. Sobre a receita publicitária, a diretora da GloboNews informa que são oferecidos patrocínios de programas ao mercado e nesses pacotes estão considerados os episódios inéditos e suas reapresentações.
Flexibilidade
Já na opinião do vice-presidente e gerente-geral do Canal Sony e do AXN no Brasil, Alberto Niccoli Jr., a TV por assinatura é, por natureza, bastante distinta da TV aberta, já que por definição foi criada para oferecer uma programação diferente e com diversas opções de exibição desse conteúdo ao assinante. “O Canal Sony e o AXN seguem essa mesma lógica, oferecendo aos seus telespectadores conteúdos de qualidade e com flexibilidade de horários”, ressaltou ele.
Segundo o VP do Canal Sony e AXN, a estratégia é bem recebida pelo assinante, que “tem a comodidade de assistir ao seu programa favorito em horários alternativos e já está familiarizado com o conceito de catch up, ou seja, a possibilidade de continuar acompanhado a sua série favorita em outro horário que não o da exibição original”.
Niccoli Jr. acrescenta que são raras as exceções em que um programa não tem algum horário alternativo na grade. “O critério levado em consideração é sempre a relevância do conteúdo para os assinantes, que muitas vezes dependem de horários alternativos para continuar acompanhado a programação do canal”.
O executivo também afirma que as reprises fazem parte de todos os pacotes publicitários do Canal Sony e AXN, ou seja, quando uma marca se apropria de determinado produto, ela também conta em seu pacote com as reprises dos episódios inéditos.