Dentre as principais questões a serem discutidas globalmente e sob o viés ético nestes anos 2020, a possibilidade de se construir fortunas monumentais em uma ou duas décadas. Quem sabe anos… Talvez, meses… A mais emblemática referência da escalabilidade decorrente da tecnologia, onde se inclui a construção de fortunas em tempo recorde, é o todo-poderoso Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, com um patrimônio pessoal que caminha de forma acelerada em direção aos US$ 200 bilhões. A Amazon foi fundada há pouco mais de 25 anos, para vender exclusivamente livros. Converteu-se no maior marketplace do ocidente, e uma espécie de dona das nuvens com sua AWS. Assim, e sem procurar esconder sua riqueza, semanas atrás, Jeff Bezos comprou a mansão mais cara da cidade de Los Angeles, que se soma a uma série de outras propriedades que tem ao redor do mundo, e alguns apartamentos na ilha de Manhattan.

Por US$ 165 milhões comprou uma propriedade de 1 alqueire e meio – quase 40 mil metros quadrados de terreno, toda cercada de terraços, com casa para hóspedes, piscina, quadras de tênis e campo de golfe… E anos antes, para atenuar eventuais sentimentos de culpa e críticas, tentou e vem tentando ressuscitar um dos mais importantes jornais do mundo, o The Washington Post. Ou seja, se a urgência de spin-offs – desmembramentos – das bigtechs já constava da pauta de todas as discussões que hoje se trava no mundo, diante do aumento exponencial das desigualdades, a exibição pública da pessoa mais rica do mundo – Bezos – torna essa discussão inadiável. Mas Bezos não é o maior constrangimento… Se quem detém a informação manda e domina, Sergey Brin, Larry Page e Mark Zuckerberg são os donos do mundo. Isso mesmo, repito, os três são os donos do mundo.

Com exceção da China, e de poucos outros países, Sergey (Google), Larry (YouTube) e Zuckerberg, (“Feice”, WhatsApp e Instagram, além de outras propriedades) dominam o mundo. Mandam, fiscalizam, imprimem a tal de verdade, cobram por tudo isso e, dia após dia, veem seus domínios e riquezas crescerem ao infinito. Assim, não passa de 2022, o trio ser encostado na parede, por um mundo pego de surpresas que não soube reagir a tempo, para exigir um spin-off drástico e radical, e enquadramento a uma nova e consistente regulação. Há meses o Whats- App comemorou 2 bilhões de usuários. Que somados aos 2,3 bi do “Feice”, e 1 bi do Instagram totalizam mais de 5 bilhões de usuários sob o domínio, controle e influência de Mark Zuckerberg. Por maiores que sejam as superposições. Já o Google, com exceção de poucos países, tem o domínio absoluto de todas as buscas realizadas na digisfera, no chamado ambiente digital. Conhece todos os caminhos, inquietações, dúvidas, ansiedades, merdas e esquizofrenias que todos nós manifestamos, no automático, e no correr de cada novo dia, infinitas vezes por dia. Sabem, com um índice de acerto superior a 80%, o que vamos dizer, o que pretendemos comprar e como estão nossos sentimentos.

Assim, no momento em que o Whats- App comemora seus primeiros 2 bilhões de usuários, está mais que na hora de considerarmos uma grande conferência mundial, para uma nova regulação da economia global, definitivamente destroçada por todas as conquistas maravilhosas do tsunami tecnológico, claro, com todos os exageros, absurdos e toxidades inerentes. A última vez que o mundo parou e fez isso foi no ano de 1944, para costurar os estragos de duas grandes guerras, em Bretoon Woods. Os estragos decorrentes do tsunami tecnológico – e, claro, todas as conquistas também –, sem derramar uma única gota de sangue, foram e continuam sendo infinitamente, ainda escalando, mais devastadores que todas as guerras de todos os últimos séculos. Muito especialmente, a 1ª e a 2ª Grande Guerra. Bretton Woods 2022. O mundo não resistirá por mais tempo. Mas pode ser em outro lugar, claro. Que tal, Gramado (RS)?

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)