Por conta da minha atividade profissional frente à Fenapro, tenho andado por esse Brasilzão afora em constantes roadshows, levando conteúdos importantes para gestores de agências, visando melhorar a sua atuação no mercado.
Neste momento, estamos no meio de um desses circuitos nacionais, apresentando o melhor do Cannes Lions, numa parceria com o Estadão, representante do festival no Brasil. Já foram oito apresentações e outras cinco estão programadas.
O público presente nessas apresentações é formado predominantemente por publicitários atuantes no mercado, mas há também muitos estudantes de publicidade e propaganda. E é essa oportunidade de falar com estudantes que consideramos a mais valiosa nesse projeto. É a chance de motivar um público que anda meio desesperançoso, não só com o Brasil, como um todo, mas com seu futuro profissional.
Realmente, é difícil se motivar no meio de tantas incertezas. Enquanto cumpre longos cinco anos de formação superior, o aluno vê o mercado virar de cabeça para baixo diversas vezes.
A escola tenta perseguir as mudanças constantes e o surgimento contínuo de novos conceitos, disciplinas e ferramentas, mas a luta é inglória. A velocidade da mudança é mais rápida do que a capacidade de se preparar e prover ensinamento adequando pari passu.
Até porque a mudança do conteúdo programático de um curso superior é burocrática e lenta.
As faculdades mais antenadas mantêm uma relação estreita com o mercado, buscando levar aos estudantes um conteúdo paralelo, independentemente do programa formal de ensino.
E é aí que nós, instituições representativas do mercado, podemos ajudar. Vejo a APP preparar mais um Fest’Up, um evento repleto de excelente conteúdo que vai até o meio acadêmico.
E esses roadshows que organizamos por aí são ótimas oportunidades de provocar um encontro do mercado com o meio acadêmico. Essas iniciativas têm uma importância fundamental porque é das cadeiras das universidades que sairão os futuros talentos que oxigenarão o mercado.
É preciso motivar esses jovens!
Não podemos deixá-los escapar para outras disciplinas, simplesmente por não verem um futuro promissor por meio da propaganda. E o que nos dá mais satisfação é a oportunidade de levar a esse público um conteúdo tão rico como o extraído do Cannes Lions.
É muito bom ver brilho nos olhos dessa galera desmotivada. Tempos atrás, depois de uma dessas apresentações, recebi um email de um estudante. Um email que provocou emoções cruzadas.
O aluno de uma universidade dizia que estava decidido a abandonar o curso de publicidade, mas, ao assistir à minha apresentação, reviu sua decisão e continuará o curso até o final, caraca! Que responsabilidade! E tudo o que fiz foi dizer que a propaganda tende a ser cada vez mais interessante, verdadeira e capaz de mudar a sociedade.
É só ver o tanto de cases vencedores em Cannes que, além de vender produtos, provocam um bem à sociedade. Eu acredito piamente nessa capacidade transformadora que a propaganda tem.
Num mundo em que muitos líderes políticos e institucionais se mostram erráticos e de conduta duvidosa, talvez as empresas possam ocupar esse lugar de liderança
no caminho da ética e da transformação positiva da sociedade, agindo com transparência, com causas e propósitos nobres, que vão além da busca fria do lucro, a qualquer preço.
E caberá aos gestores da comunicação criar instrumentos que permitam mostrar essas atitudes exemplares, mobilizando e engajando pessoas para um mundo
melhor.
Essa esperança provoca brilho nos olhos! E é ela que nos faz acreditar que, apesar da enorme turbulência a que estamos sendo submetidos, há um futuro promissor para os militantes dessa apaixonante profissão.
Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)
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