No Divã do Táxi Driver, do jornalista Paulo Maia. (Crédito: Alê Oliveira)

Depois de 20 anos trabalhando como correspondente internacional da Agência Estado, Paulo Maia resolveu abrir uma pizzaria. A Mercatto, inicialmente operando no Morumbi e mais tarde em outros dois endereços nobres da capital paulista, se tornou a coqueluche da high society local.

Em 2017, no entanto, Maia viu os oficiais de justiça levarem móveis, eletrodomésticos e outros equipamentos das três unidades. Com a queda de seu império e sendo mais um em meio a estatística de desempregados resolveu, por conselho de uma amiga, virar motorista de aplicativo.

Agora, em 2019, ele acaba de lançar No Divã do Táxi Driver, um livro onde reúne 44 histórias de passageiros anônimos e conhecidos. Alguns deles, diz Maia, com a identidade preservada.

A obra conta com texto de apresentação de Armando Ferrentini, Publisher do PROPMARK e prefácio do jornalista Milton Jung, da CBN. A iniciativa tem o apoio da Cabify, que não só encampou a ideia, como pagou pela impressão e organizou o lançamento na Livraria da Vila no início de setembro.

A startup, que por uma sincronia debochada do destino se tornou unicórnio – valendo mais de um bilhão de dólares – no mesmo ano da bancarrota de Maia, está repassando 10% do valor arrecadado com a obra ao Instituto Ayrton Senna.

De acordo com o autor, a empresa tem planos de lançar o livro em outros países onde opera, além de possíveis edições em áudio book e vendas pela Amazon.

“Me sinto como se fosse um embaixador da Cabify porque me identifico muito com a empresa”, afirma o jornalista.

“Eu sou umbilicalmente envolvido pelas histórias. Tem quem colecione óculos e automóveis, eu gosto de história. Esse é meu terceiro livro”, aponta.

O primeiro é Diário de um Aquaman, onde conta sua aventura na travessia do Canal da Mancha e no Estreito de Gibraltar. A obra recebeu apoio da Coca-Cola, que também patrocinou a jornada. O segundo, está escrito, mas ainda não foi editado.

Em No Divã, Maia conta desde os assédios sofridos por passageiras até o relato da abdução de um cliente pelos ETs. Fala ainda de quando declamou versos de um poema para Wellington Nogueira, fundador do Doutores da Alegria.

Agora os planos do jornalista-chofer são de levar as histórias também para outras plataformas. Maia acredita que os contos podem ser roteirizados e transformados em vídeos pelas mãos do diretor Galileu Garcia, com quem já trabalhou em um filme sobre a vida do pugilista Maguila.   

“Eu quero trabalhar sempre. […] Agora, isso tudo tem um certo investimento e eu preciso saber se vão investir. Eu quero fazer o lançamento em Campinas, no Rio de Janeiro”, diz ainda sem ter certeza sobre os próximos passos.

Por enquanto, No Divã está disponível apenas na Livraria da Vila e diretamente com Maia em seu carro, ao que ele adverte: “fique atento, pois você pode estar nas próximas páginas.”