Iniciativa da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República) e do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985) do Arquivo Público Nacional, órgão dirigido pela professora Inez Stampa, começa a ser veiculada no próximo domingo (27) a campanha “Memórias Reveladas” cujo objetivo é resgatar documentos do período da ditadura militar no Brasil para, inclusive, ajudar na localização de corpos de desaparecidos políticos.

Os três filmes de utilidade pública desenvolvidos pela equipe de criação da agência Matisse, sob a direção de Iole Mendonça, que venceu concorrência promovida pela Secom entre a 141 Soho Square e a Propeg. Com duração de um minuto e 30 segundos, as películas narram histórias de parentes de desaparecidos ou mortos pelo regime de exceção militar no País. O depoimento de Elzita Santa Cruz Oliveira, mãe do militante Fernando Santa Cruz, foi dirigido por Helvécio Ratton, com produção da Brasileira Filmes. O filme com Diva Santana, irmã de Diva Santa Coqueiro e cunhada de Vandick Reidner Pereira Coqueiro, mortos na região do Araguaia, foi dirigido por João Batista de Andrade, também produzido pela Brasileira Filmes. Já “Rubens”, depoimento de Marcelo Rubens Paiva sobre o desaparecimento do seu pai , o deputado federal e jornalista Rubens Paiva, foi dirigido por Cao Hamburger e produzido pela 02 Filmes.

O orçamento da campanha que permanecerá nos canais de mídia até o final de novembro é de R$ 13,5 milhões. Poderia ser maior, mas há desconto de 50% dos jornais e cerca de 35% das TVs e demais canais por ser uma ação de utilidade pública. O flight vai contemplar principalmente os jornais e rádios da região do Araguaia onde indícios apontam que metade dos 140 presos políticos tenham desaparecido. No hotsite www.memoriasreveladas.gov.br está a relação completa dos desaparecidos e um filme de cinco minutos detalhando a situação. Os títulos dosanúncios para revistas são: “Conheça o Brasil que você que é jovem não viveu”; “Ajude o Brasil a conhecer seu passado e seguir em frente”; e “Conheça um Brasil onde a democracia era um sonho e sonhar era proibido”.

O Memórias Reveladas, lançado em maio deste ano, já conta com 40 mil documentos. Inez Stampa diz que o acervo será enriquecido com 350 documentos que estão sendo encaminhados pelo governo de São Paulo e outros 150 mil de Pernambuco. “Há uma linha gratuíta, a 0800 701 2441, que pode ser acessada para denúncias e ofertas. Queremos enriquecer a história”, disse Inez. “O objetivo da Secom é abrir a informação. Optamos por um trabalho autoral dos cineastas e não algo meramente publicitário. Pensamos nesses diretores em comum acordo com a Matisse. Gostaríamnos muito da Tizuka Yamazaki, mas ela estava com agenda lotada. A agência ofereceu esse caminho e seguimos a trilha”, disse Ottoni fernandes Jr,. secretário executivo da Secom, ele mesmo um ex-preso político.

por Paulo Macedo