Thomas prevê aumento de inscrições, delegados e sucesso do projeto Chimera

 

Apesar da crise financeira que assusta alguns mercados europeus e de outras adversidades econômicas eventualmente capazes de afetar a indústria da comunicação em determinados países, a organização do Cannes Lions 2012, festival que acontece entre os dias 17 e 23 de junho, trabalha com a expectativa de bater novos recordes neste ano. Tanto de inscrições de peças quanto de delegados. Em entrevista ao propmark no último dia 20, em Londres, Philip Thomas, ceo do festival, afirmou que prevê um total de pelo menos 30 mil peças entre as 15 competições que tomarão conta do Palais des Festivals. No ano passado, houve um total de 28.828 feitas por empresas de 90 países.

“Pode ser um crescimento relativamente pequeno, mas o fato é que será um novo recorde”, disse Thomas. Ele também prevê aumento do número de participantes do festival, que no ano passado alcançou cerca de nove mil delegados. “Em termos de delegados, estamos confiantes em um aumento bem significativo da participação de países asiáticos, principalmente a China, o Japão e a Coreia do Sul, onde a repercussão do Grand Prix do ano passado gerou maior atenção para Cannes”, constatou. Ele se refere ao trabalho da Cheil, criado para o supermercado Homeplus, que conquistou o prêmio máximo do Media Lions. “Loja virtual” reproduziu, em estações de metrô de Seul, as prateleiras de um supermercado com imagens digitalizadas de dezenas de produtos, permitindo e simplificando operações de vendas através de smartphones. Thomas acredita que o número de inscrições de países asiáticos também deverá aumentar.

Recém-chegado de uma viagem a trabalho à Espanha, o ceo do Cannes Lions disse ter de fato uma preocupação com a situação econômica dos países do sul da Europa. A Espanha, no caso, está entre eles. Ele também citou Portugal, Itália e Grécia como mercados que “certamente” terão participação reduzida no festival deste ano. Por outro lado, ele aponta que prevê “forte crescimento” da participação do Brasil, da Índia e da China. “O Brasil, por exemplo, está com uma economia muito vibrante e isso deverá refletir em um aumento do número de inscrições”, prevê Thomas. No ano passado, o Brasil mandou um total de 2.647 peças inscritas por 168 empresas.

Com o fatídico ano de 2009 à parte, que acabou refletindo nos números de 2010, Cannes vem registrando crescimento nos últimos anos.  Em 2006, foi um total de 24.863 inscrições, número que subiu para 25.560, em 2007, e para 28.824, em 2008, caindo para 22.652, em 2009, e aumentando novamente para 24.242, em 2010. Neste ano, o aumento de inscrições também pode ser beneficiado pelo lançamento de duas novas competições, Mobile Lions e Branded Content & Entertainment Lions, que serão somadas às outras 13 já existentes: Creative Effectiveness Lions, Cyber Lions, Design Lions, Direct Lions, Film Lions, Film Craft Lions, Media Lions, Outdoor Lions, PR Lions, Press Lions, Promo & Activation Lions, Radio Lions e Titanium & Integrated Lions.

Questionado sobre as novas dimensões do festival com o grande número de competições e, consequentemente, um crescente número de participantes, que têm gerado filas e superlotações nos auditórios do Palais, além de muitas reclamações, Philip Thomas diz que serão reestruturadas as áreas de exibição de filmes, seminários e workshops. O festival também está lançando neste ano uma nova programação de conteúdo chamada “The Forum”, com o objetivo de oferecer estudos, palestras e discussões sobre temas específicos da indústria da comunicação. A proposta da iniciativa, segundo Philip Thomas, é oferecer mais opções para dispersar os problemas de superlotação. A programação do Fórum vai contar com sessões diárias de uma hora cada. Os temas abordam assuntos ligados à criatividade, tecnologia e à área de consumer insights.

Duas folhas

Outra novidade do Cannes Lions 2012 remete a um entusiasmo especial ao ceo Philip Thomas. É o projeto Cannes Chimera, uma espécie de super, megapower agência de publicidade virtual coordenada pelos melhores criativos de Cannes, no caso os profissionais envolvidos em todos os trabalhos que conquistaram Grands Prix em 2011. “É uma proposta muito interessante com excelente oportunidade para os talentos de criação”, resumiu Thomas.

Chimera é uma figura monstruosa da mitologia grega representada pela mistura de um leão, uma cabra e um dragão. O nome está sendo usado para um trabalho de envolvimento da indústria da comunicação com causas sociais de problemas globais. Metaforicamente, o termo também é usado para representar uma utopia, um sonho impossível.

O Chimera está sendo desenvolvido com a Bill And Melinda Gates Foundation (BMGF), que definiu o briefing para o projeto deste ano. O tema é complexo. Em apenas duas páginas de papel tipo A4, deve ser apresentada uma estratégia que mostre uma comunicação eficaz para divulgar globalmente que o trabalho de ONGs e diversas outras iniciativas de ajuda humanitária funciona e que o dinheiro aplicado em projetos sociais tem gerado resultados concretos. A BMGF demonstra preocupação com os casos de corrupção e problemas diversos que a mídia mundial expõe sobre “problemas que recebem recursos financeiros, mas que continuam”.

Interessados em participar devem acessar o site do Cannes Lions para o regulamento. Na primeira fase, serão selecionados até 10 projetos, que vão receber US$ 100 mil para execução. Em uma segunda fase, o projeto vencedor será financiado com US$ 1 milhão. A agência Cannes Chimera vai ser colocada à disposição dos vencedores da primeira fase.