Festival completa, em 2023, 70 anos de história, e olha para o futuro com foco na diversidade, equidade e inclusão

Setenta anos depois de um início pra lá de glamuroso na cidade de Veneza, na Itália, o Cannes Lions começa no próximo dia 19 com uma agenda repleta de atrações que prometem atrair um público maior ao Palais des Festivals de Cannes, na Riviera Francesa, durante uma semana, após os percalços da pandemia.
Na agenda, estão nomes como o medalhista olímpico (ouro) Michael Johnson, Angela Hwang (chief commercial officer da Pfizer), a atriz Danai Gurira, Tor Myhren (vice-presidente de marketing e comunicação da Apple), Tiffany Rolfe (CCO global da R/GA), Celso Athayde (Central Única das Favelas), Emma Chiu (diretora global da Wunderman Thompson Intelligence), Marcus Collins (head de estratégia da Wieden+Kennedy) e Lee Clow (chairman emeritus da TBWA Media Arts Lab).

A era Veneza agregou o símbolo do festival de criatividade: o leão alado exposto na icônica Praça de São Marcos, que deu nome a um dos principais prêmios do evento (Lion of Saint Mark) e já foi concedido ao brasileiro Marcello Serpa. Veneza foi um marco, mas sua infraestrutura não comportava o trade de publicidade e de marketing e, alguns anos depois, o festival se fixou em Cannes. Criado pelo trade de exibidores de cinema da Europa, o principal deles a cadeia da família Rothschild, o festival foi conduzido pela SAWA (Screen Advertising World Association), responsável pela orgarnização até a sua venda para Roger Hatchuel. Ele, posteriormente, passou o negócio para a Ascential, que, aliás, manteve o nome de Hatchuel como identificador do seu projeto Academy.

O recorde brasileiro de delegados foi em 2013, com 915 profissionais inscritos.  Em 2019, foram mais de 30 mil trabalhos concorrendo aos prêmios. Mas o evento já contabilizou mais de 40 mil ações inscritas. Este ano, a expectativa pela produção pós-pandemia é grande, mas a crise econômica global ainda inibe participação robusta. O Brasil começou a competir efetivamente no festival nos anos 1970. O primeiro Leão de Ouro foi com a campanha “O homem de 40 anos”, criada por Washington Olivetto e Francesc Petit (DPZ) para o Conselho Nacional de Propaganda. De 2012 a 2022, o Brasil recebeu 928 troféus, dos quais 11 Grand Prix, um Innovation Lions e um Titanium.

A Ascential está atenta à importância das sete décadas do festival e conta com o apoio da indústria de comunicação, das holdings de publicidade, passando pelas plataformas, mídia, produtoras e fornecedores de serviços especializados, inclusive do Brasil. Após oito interseções na fachada principal do Palais, a Film Brazil, projeto da Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais), não vai utilizar o espaço para exibir o banner gigante para chamar a atenção do mercado internacional para as possibilidades de produção, coprodução e assessoria de serviços no país.

Segundo Marianna Souza, presidente-executiva da Apro, houve necessidade de a estratégia ser repensada. A entidade convidou, em 2023, a artista plástica Rafaella Braga, goiana e descendente de índígenas, para produzir uma instalação em tempo real no Terraço do Palais. A obra, posteriormente, fará parte do acervo da Embaixada brasileira na França, em Paris. A Ampfy desenvolveu a campanha para produtoras e diretores atraírem negócios para o Brasil, que vive um momento especial devido à taxa do dólar, que favorece o mercado externo devido ao câmbio, nas palavras de Marianna. Em 2019, foram atraídos US$ 3,4 milhões no festival para as produções de comerciais e outros formatos no Brasil. A expectativa é de que essa marca seja superada este ano. “Continuamos com apoio da Apex e, além do projeto com a artista Rapha, que mora na Alemanha, vamos ter um happy hour para recepcionar o mercado com shows e drinques”, diz Marianna.

O propmark ouviu Philip Thomas, CEO da Ascential Futures, organizadora do evento, e chairman do festival, e Simon Cook, CEO do Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade, que fazem reflexão sobre os rumos dos negócios da publicidade, criatividade, inteligência artificial, diversidade e outros temas, como games e commerce, que estão na extensa pauta  de 2023.

Expectativas
Simon Cook: “Este ano estamos comemorando nossa 70ª edição. É incrível pensar que, desde 1954, o Cannes Lions tem ajudado a moldar carreiras, promover conexões e alavancar o poder da criatividade em escala global. Em 2023, trata-se de olhar para os próximos 70 anos; apoiando aqueles que estão ‘em formação’ e usando a criatividade para impulsionar o progresso”.

Philip Thomas: “É absolutamente um momento especial. Claro que me lembro bem das nossas comemorações de 60 anos! Se observarmos como as coisas evoluíram de lá para cá, temos Leões que reconhecem a criatividade em B2B, jogos, esportes, transformação de negócios - é a evidência de uma indústria que continua a evoluir. Esse sentimento de inovação e progresso definitivamente será sentido no festival e estamos ansiosos para receber pessoas de todo o espectro da comunicação criativa global”.

Temática
SC: “Este ano, o programa honrará nossa herança e nosso trabalho, mas também preparará nossa comunidade para o sucesso no futuro. Vamos nos aprofundar em áreas como Creative Culture & Talent, Creative Impact e Creative Processes & Tools, e explorar as condições necessárias para um trabalho impactante. No coração do festival, defenderemos e continuaremos defendendo a criatividade e garantiremos que a comunidade global saia com as ferramentas e
as evidências necessárias para demonstrar que a criatividade impulsiona o progresso dos negócios, das pessoas e da sociedade”.

Brasil
PT: “Eu digo isso todos os anos e vou repetir em 2023: continuo me surpreendendo com a energia criativa e a paixão da indústria brasileira. A presença dos brasileiros no Cannes Lions - nossos jurados, nossos delegados e no nosso trabalho - é tão importante para o festival, que simplesmente não seria o mesmo sem a presença dessa comunidade”.

SC: “Vou apoiar isso! Começamos a classificar o desempenho do país anualmente em 2001 e, nos 22 anos seguintes, o Brasil consistentemente se classificou entre os cinco países com melhor desempenho no Cannes Lions. É uma performance incrível e reflexiva de um país que tem a criatividade arraigada em sua cultura”.

Leia a matéria completa na edição de 5 de junho