Diretor-executivo de criação da Africa é um dos jurados em Entertainment Lions for Gaming, categoria que estreia em Cannes neste ano

Novidade na 70ª edição do Cannes Lions, a categoria Entertainment Lions For Gaming contará com Nicholas Bergantin, diretor-executivo criativo da Africa, no time de jurados. A categoria foi criada com o objetivo de celebrar o trabalho criativo que conecta pessoas a marcas por meio do jogo.

Para Bergantin, era uma questão de tempo até que os games fossem incrementados no maior festival de criatividade do mercado. “A gente não pode ignorar que a indústria de gaming é maior que Hollywood e a indústria da música combinadas, mas não é sobre a ascensão do mundo dos games na publicidade. É sobre a ascensão do mundo dos games na nossa vida e a publicidade simplesmente acompanha isso”, destaca ele.

Conhecimento
Cada Cannes é uma oportunidade gigantesca para todo o mercado se reciclar, aprender, conhecer mais sobre desafios semelhantes que outros lugares passam e ver as soluções diferentes e inovadoras que chegaram. Dizem que, se você quer florescer, precisa se regar. Então, Cannes é o momento do ano onde eu me rego. Foco nisso. Adoro ver um brief que em algum momento estava comigo e alguém, do outro lado do planeta, pensou algo completamente novo. A expectativa é aprender sempre. Estar aberto ao conhecimento.

Perspectivas
Ser surpreendido. Ver novas maneiras de resolver problemas. Novas possibilidades. É fácil estar na média. Ou seja, medíocre. O difícil é ser fora de série. Quando se fala em game, isso precisa ser levado ainda mais a sério. A gente tem um investimento emocional nos games. Então, espero ver muitas ideias que movam a indústria para frente. Que sejam  inspiradoras. Que façam a diferença na vida das pessoas. Na vida das marcas. E na sociedade como um todo.

Inteligência artificial
Certamente a inteligência artificial vai ser o grande tema. Não acredito nem nos Profetas do Apocalipse, nem no Oráculo de Delfos. Não é o fim de tudo ou a salvação de tudo. É uma nova era. Imagina que estamos em 1895 e vendo “A chegada de um trem na estação”, dos irmãos Lumiere. Alguns estão gritando, saindo correndo do cinema com medo de serem atropelados pela locomotiva. Outros estão paralisados sem saber o que fazer. 128 anos depois, olha o cinema como está. Olha a evolução de narrativa, de linguagem, de montagem, de fotografia. Estou estudando muito e quero ouvir bastante as opiniões de especialistas do mundo inteiro. Eu estou empolgado com a democratização da inteligência artificial. Mergulhado no assunto. Pensando. Refletindo. Criando. Testando. Arriscando. É mais uma ferramenta na caixa que poderemos usar para expandir a criatividade, a diversidade e as possibilidades.

Gaming
A gente não pode ignorar que a indústria de gaming é maior que Hollywood e a indústria da música combinadas. Não importa se você está jogando no Playstation com amigos, no celular, no banheiro ou no computador enquanto espera no aeroporto… Em algum momento do dia, as pessoas estão jogando mais. O que me fascina é a maneira única de sentir emoções de uma forma ativa que os games possibilitam. A tecnologia acelera o processo, mas se divertir, relaxar em algum momento do dia é da natureza humana. Você não pode negar o nosso instinto de jogar. Ele não é racional.

Nicholas Bergantin, diretor-executivo de criação da Africa (Divulgação)

Critérios
É a ideia, sempre. Cannes é o festival que celebra a criatividade antes do craft, da jogabilidade, da estratégia e do resultado. A criação da ideia é o critério número 1. Aquela sensação de ser surpreendido, de nunca ter visto aquilo antes. O novo. É o drible do Ronaldinho Gaúcho. Fazer o oposto do que se espera. Ser impactado pelo inesperado. O toque na alma. Aquela emoção visceral que você não consegue explicar. Daí na sequência você racionaliza e coloca  outros filtros. Mas, para mim, o primeiro é a ideia.

Ascensão
A gente ama videogames, eles são imprevisíveis. Conforme a inovação acontece, possibilidades aumentam. Então, não é sobre ascensão do mundo dos games na publicidade. É sobre ascensão do mundo dos games na nossa vida. A publicidade simplesmente acompanha isso. Isso é só o começo. É entretenimento puro proporcionando experiência imersiva e interativa.

GP
Este ano é especial porque é o primeiro ano desta categoria. Então, vamos dar o tom. Colocar o sarrafo para os próximos anos. Primeiro de tudo, tem de tocar a alma. Fazer você sentir algo. Isso é o básico. Não dá para ser Grand Prix apenas sendo racional. Nós somos humanos. Não somos algoritmos. A ideia precisa falar com as vísceras, emocionar e inovar. Muitas pessoas misturam inovação com tecnologia. Mas, algumas vezes, inovação pode ser uma maneira mais nova de resolver um problema.