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Armando Strozenberg, chairman da Havas Brasil, definiu bem o primeiro semestre de 2016 para a grande maioria das empresas da indústria da comunicação no Brasil: um mercado estagnado ainda sujeito aos desdobramentos de uma crise política, cujo epílogo não está claro para ninguém.

No caso do Rio de Janeiro, soma-se a insolvência financeira de um estado que, como destaca o executivo, até o ano passado era citado como um dos melhores exemplos de boa gestão e grandes resultados entre os estados da federação. Apesar de tudo, Strozenberg fala que, no caso das empresas do Grupo Havas, de capital aberto, a performance no primeiro semestre foi bem próxima do planejado. “Assustadoras são as perspectivas de curto e médio prazo da administração que aponta para uma absoluta impossibilidade de recuperação a curto prazo, além do risco real de crescimento de todos os índices de insegurança pública após a Rio 2016”, observou.

Gustavo Oliveira, presidente da Abap-RJ e vice-presidente de operações da FCB Rio, reconhece que o mercado carioca sofreu especialmente com as retrações do primeiro semestre, mas está mais otimista em relação a este semestre.

“O mercado publicitário do Rio de Janeiro, como sempre teve uma forte participação das contas governamentais, do ramo imobiliário, de concessionárias de automóveis e do varejo, tem sofrido ainda mais com a queda dos investimentos. Certamente é um dos períodos mais difíceis que a nossa propaganda já enfrentou. Apesar da crise atual, vejo o segundo semestre com um certo otimismo. Começa a ficar mais forte a percepção de que a economia vai se reerguer. Esta percepção positiva vai acabar afetando diretamente a propensão pelo aumento dos investimentos”.

Cyd Alvarez, presidente da NBS, também reconhece que o primeiro semestre foi difícil, e acredita que no segundo as dificuldades continuarão, mas vislumbra retomada de crescimento a partir do fim do ano.

Surpresa
Para alguns, no entanto, o primeiro semestre foi surpreendentemente positivo. É o caso da Dream Factory, empresa do setor de eventos do Grupo Artplan, que, segundo seu presidente, Duda Magalhães, teve o melhor primeiro semestre nos 15 anos de história da empresa, com a realização de inúmeros projetos. O otimismo se mantém para o segundo semestre, com ativações olímpicas para clientes como Coca-Cola, Nissan e COI, entre outros.

Uma das maiores agências do mercado local, a Artplan intensificou prospecções e colheu bons frutos na primeira metade do ano. O presidente, Rodolfo Medina, fala que, apesar das incertezas, trabalha para transformar o cenário em oportunidade.

A Binder registrou um primeiro semestre positivo com a conquista de contas e o fortalecimento do braço de consultoria do grupo, o Brand Motion. “Iniciamos o segundo semestre com algumas novas conquistas, mas é visível certa desaceleração dos investimentos, com projetos adiados ou redimensionados. Acredito que o segundo semestre será de contenção, demandando ainda mais criatividade e jogo de cintura”, declarou Flávio Cordeiro, sócio e diretor de planejamento da agência.

Envolvida na entrega de diversos projetos para a Olimpíada, a Geometry Global também teve um semestre positivo. “Para o segundo semestre ainda há muitas incertezas e isso assusta um pouco, o sentimento é de esperança. Conseguimos observar que os clientes estão mais cautelosos sobre como investir suas verbas. Porém, enxergamos essa análise como algo interessante para a área de shopper e trade marketing.”, disse Letícia Arslanian, diretora-geral da agência.

Marcio Borges, diretor-geral da WMcCann Rio, afirma que a agência vive um momento excepcional, apesar da situação econômica. O que preocupa, mais do que as perspectivas de negócios, é o estado geral de ânimo das pessoas. “Eu me preocupo muito mais com a desesperança das pessoas em relação ao futuro. Vamos sofrer, após a Olimpíada, um baque grande. Viemos de um período de esperança quase que irracional. Tínhamos dois grandes eventos, economia crescente e todos os indicadores positivos. Hoje, estamos na direção contrária, isso deixa as pessoas sem ação. Digo sempre que temos de seguir investindo, ampliando o negócio, focando para competir com o mundo. Essa energia atrai as pessoas, aumenta a produtividade e, sem dúvida nenhuma, consegue resultados”.

Expectativa  dos Jogos
A revisão dos investimentos gerou quedas nos investimentos em mídia no primeiro semestre, mas diversas iniciativas de veiculação e ativação estão sendo reassumidas com foco na Rio 2016, que acontece em agosto. No caso da Globosat, que no Rio teve de lidar com os reflexos do atual cenário econômico tanto quanto no restante do país, os próximos meses podem ser melhores. “Nós acreditamos que a Rio 2016 pode representar o início de uma retomada um pouco mais acentuada dos negócios do Rio de Janeiro, em função da expressividade desse evento não só para a cidade como para o Brasil”, diz Eduardo Salvador, diretor de publicidade regional da Globosat.

Felipe Goron, diretor-executivo de mercado anunciante da Infoglobo, afirma que as reduções significativas de investimentos por parte de diversos segmentos anunciantes como imóveis, automóveis e varejo devem ser compensadas por projetos especiais de bons resultados como o Veste Rio e o Mercado B. “Nossa expectativa é que o segundo semestre seja um pouco melhor que o primeiro. A Olimpíada proporcionará novos negócios e oportunidades, que pretendemos aproveitar”.

Para o Grupo Dial Brasil, os investimentos no primeiro semestre, como a inauguração do FM Hall e a transferência para lá dos estúdios de suas rádios, Mix Rio FM e Sul América Paradiso FM, têm valido à pena. “Acredito que, no cenário atual, inovar e apostar em novos modelos que diversifiquem os negócios sejam maneiras sensatas de driblar a crise”, afirma o sócio da empresa, Luiz Calainho.