O ano de 1975 foi marcante para a publicidade brasileira. À época, o então redator da DPZ, Washington Olivetto, entrou para a história como o primeiro brasileiro a conquistar um Leão de Ouro no Festival de Cannes. O filme era “Homem com mais de 40 anos”. E, há exatos 40 anos, nascia na capital paulista uma das entidades mais importantes do segmento: o CCSP (Clube de Criação de São Paulo).
Fundado por publicitários da área de criação, o CCSP tinha como objetivo valorizar e preservar a criatividade da propaganda brasileira. Fernando Campos, atual presidente da entidade e CCO da Santa Clara, fala do momento em que o clube nasceu: “O anuário marcou o início das atividades do Clube de Criação de São Paulo, em 1975”, afirma. E, como parte de uma série de atividades que vão comemorar estes 40 anos da instituição, o documento será digitalizado. “Alguém pegou o primeiro anuário e começou a folhear, daí tivemos a ideia de fazer uma versão digital do documento para disponibilizar para as futuras gerações”, conta Campos. O anuário deverá ficar disponível no site do CCSP.
Além disso, as quatro primeiras décadas do Clube de Criação serão comemoradas também com um coquetel, nesta segunda-feira (13), na sede da instituição. “Esse será um encontro histórico, pois vai reunir todos os ex-presidentes do Clube”, destaca o presidente do CCSP. A reunião também vai marcar o lançamento comemorativo da reedição do filme “Homem com mais de 40 anos”.
As comemorações vão se estender, pelo menos, até o Festival da Criação do CCSP. Campos garante que o festival deste ano será maior por conta dos 40 anos da entidade. “Vamos convidar 40 criativos que foram premiados nos últimos 40 anos para produzir cartazes que ficarão expostos durante o evento”, afirma.
Evolução
Campos também comentou sobre a evolução da criação brasileira durante esses 40 anos. Entre os destaques estão a forma única da publicidade do Brasil. “Uma das coisas que temos é o jeito brasileiro de contar histórias: nós somos provocativos, temos humor”, diz. Ainda de acordo com o presidente do CCSP, esse é um dos motivos que fazem da propaganda nacional uma das principais do mundo.
“Os países que sempre entraram na moda de Cannes contaram a sua história, contaram a história do seu povo”, ressalta. Ele ainda citou como exemplo o primeiro anuário do CCSP. “O primeiro anuário nos traz essa lição de uma forma muito clara: sempre que reproduzimos o nosso jeito, nós fomos os melhores”, diz. “E o motivo para que isso aconteça é que nossos redatores sempre tiveram os grandes cronistas como referência, os cronistas relatam histórias do nosso dia a dia e isso é muito rico”, complementa.
Com a atuação de publicitários ousados e talentosos, o Clube de Criação tornou-se uma entidade forte, influente e respeitada, levando a publicidade brasileira a ser conhecida e reconhecida mundialmente. Com o passar dos anos, a entidade foi aumentando o número de conquistas, como a criação do festival, que se tornou um dos principais do país, bem como o lançamento do Clube Online.
Para Ercílio Tranjan, que presidiu o CCSP de 1979 a 1981, a entidade teve uma participação cultural e política bastante intensa. “O Clube de Criação de São Paulo deu uma contribuição muito importante na proteção das agências nacionais, defendemos a produção brasileira com regras que dificultavam a entrada de filmes estrangeiros.” Em relação às principais mudanças, Tranjan destaca a presença da internet nas agências. “Houve uma grande diversificação de mídia, que possibilitou a criação de novas formas”, diz.
Já Jarbas José de Souza, presidente do CCSP entre 1977 e 1979, destacou a independência da publicidade brasileira. “Com o anuário que fizemos aqui, ninguém mais precisou ter os anuários que vinham de outros países. Foi uma independência conquistada”, destaca. Outro fato que, segundo Souza, contribuiu para a publicidade foi a contestação. “Nós contestávamos muito, e esse ato nos serviu muito para sermos o que somos hoje”, diz.