Sem eventos ou experiências a serem realizadas nos próximos meses – por conta da pandemia causada pela Covid-19 -, algumas agências e empresas de live marketing já se questionam como vão enfrentar a crise e pagar seus fornecedores se as atuais regras de remuneração continuarem existindo. Alguns anunciantes chegam a realizar os pagamentos em até 120 dias.
De olho na atual situação do mercado, o sócio da agência AktuellMix, Celio Ashcar Jr, decidiu levantar a bandeira ‘Job entregue, job pago’. “Acredito que antigas práticas do mercado terão que ser repensadas e, até mesmo, esquecidas. Não dá mais para aceitar pagamentos acima de 30 dias. As marcas não podem mais chegar e impor essa regra, pois é uma relação abusiva. Há empresas praticando o prazo de 120 dias. Então, imagina, as empresas que estão sem trabalhar desde fevereiro e, não sabem quando vão voltar, só irão receber quatro meses depois de sua primeira ação depois da pandemia. Isso é muito ruim para o negócio”, comenta.
“O meu maior interesse com esse movimento é abrir diálogo e discussão”
Durante os quatro anos em que esteve como chairman da Ampro, o executivo conseguiu acompanhar e entender os mais diversos problemas de agências de todo o país.
“Agora, que não faço mais parte da entidade, consigo trazer a tona todas as dores do mercado. O meu maior interesse com esse movimento é abrir diálogo e discussão. Temos que, seriamente, repensar essas condições, pois há muitas pessoas perdendo empregos e freelancers sem trabalho. O engraçado, por exemplo, é que quando um evento tem a presença de um artista, eles recebem o cachê 100% antecipado. Então, porque as marcas conseguem flexibilizar o pagamento para as celebridades e para as agências não? É preciso que todos reconsiderem este formato de remuneração para que as empresas possam gerar empregos”, diz Ashcar Jr.
“Você trata a sua agência com igualdade? É isso o que está faltando”
Muitos especialistas acreditam que todas as relações serão diferentes depois do mundo vencer a crise do novo coronavírus. Já para o publicitário, agora é a hora de refletir sobre o futuro do mercado de comunicação.
“Não é só sobre novos formatos e ideias, mas, principalmente, como vai ser o mercado de comunicação depois deste momento. Temos que sair muito mais fortes e unidos. Precisamos repensar a relação entre clientes e agências. Vejo muitas marcas falando de empoderamento, igualdade e diversidade, mas como fica o respeito com a sua agência? Você trata a sua agência com igualdade? É isso o que está faltando. É preciso entender que quanto mais desempregados, menos poder de consumo. A pessoa desempregada vai tomar menos cerveja, comer menos salgadinho, enfim, não vai comprar nada. Por isso, acredito que todas as agências deveriam adotar a bandeira ‘Job entregue, job pago’, reforça Ashcar Jr.