As principais montadoras do mundo estão fazendo acordos para colocar inteligência artificial (AI) nos veículos, gerando oportunidades para as marcas. Os mecanismos como Alexa (Amazon), Google Assistente, Cortana (Microsoft) e Siri (Apple) permitirão aos motoristas ensinar as máquinas a acender os faróis ou abrir a garagem quando necessário, por exemplo.
A curva de adoção da AI nos veículos é mais lenta do que a dos assistentes domésticos – que já estão em 27 milhões de lares americanos. Mas é uma tendência inexorável que, em um futuro próximo, a maioria dos carros se tornem mais conectados e que seus sistemas sejam capazes de resolver inúmeras situações com inteligência própria.
Para as marcas, os carros podem se tornar uma plataforma de marketing, que inclua, por exemplo, coisas que já existem como anúncios nos mapas de GPS, ou coisas inéditas, como “carregamento patrocinado” de carros elétricos.
Carros mais inteligentes que nunca
O primeiro passo para que os carros se tornem atrativos para as marcas já está sendo dado: a busca pela massificação da AI nos automóveis. A Toyota anunciou na CES que alguns modelos 2018 passam a incluir o Alexa, da Amazon. Em 2019, haveria ampliação para a maioria do portfólio de modelos da empresa. O mecanismo permitirá ao motorista obter mapas e direções, controlar o entretenimento de bordo, acessar notícias, enviar lembretes e acionar funções do carro por comando de voz. Haverá conectividade com dispositivos de AI do lar, o que possibilita, por exemplo, ligar o ar condicionado de casa na hora certa.
Na feira, a Toyota anunciou ainda o e-Palette, solução on-demand para veículos autônomos. Elétrico, ele permitirá experiências de varejo, compras, showrooms e outras iniciativas enquanto as pessoas estão em trânsito. Junto com Amazon, Uber, Pizza Hut e Mazda, a empresa lançou a aliança e-Palette, que permitirá mobilidade para e-commerce. Um exemplo é o carrinho elétrico de entregas de pizza, para Pizza Hut, que causou furou no evento (leia mais aqui).
A Ford já havia lançado uma iniciativa em que os motoristas podem fazer pedidos no Starbucks usando o Alexa, da Amazon. Agora, na CES, anunciou parceria com a Qualcomm para ampliar a conectividade de devices do carro. Seria possível, por exemplo, conversar com a sinalização de ruas e estradas. O farol vermelho, por exemplo, pode fazer o carro parar automaticamente. A empresa também apresentou uma plataforma de “smart city” no sentido de fazer o veículo “conversar” com a cidade.
Já a GM criou um Marketplace, plataforma que permite aos motoristas reservarem mesas em restaurantes e fazer pedidos. A Volkswagen apresentou uma parceria com a Nvidia para desenvolvimento de tecnologia para automóveis autônomos. O sistema permite análise de dados de telemetria e execução de algumas tarefas.
Uma das novidades mais interessantes e futurísticas apresentadas na feira foi o carro voador da Intel. Na verdade, um drone tripulável chamado Volocopter. Mas mais que isso, a empresa anunciou que 2 milhões de veículos da BMW, Nissan e Volkswagen podem usar a tecnologia de veículos autônomos Mobileye Road Experience Management (REM) para compartilhar dados que ajudem a construir mapas que permitam direção autônoma. A Mobileye compete com Qualcomm e Nvidia no mercado crescente de autônomos.
A Intel também anunciou parceria com a Ferrari para trazer inteligência artificial ao evento Ferrari Challenge North America Series. A transmissão do evento usará processadores da empresa não apenas para melhorar a experiência do evento para os fãs no digital, mas também para conseguir dados que tragam mais insights para os pilotos e público.
A Adobe também entrou no circuito, com sua plataforma de inteligência artificial Sensei – que analisa hábitos de direção e envia publicidade ao áudio do carro.
A Hyundai aproveitou a CES para apresentar o Nexo, um SUV movido a hidrogênio. É um carro-conceito que mostra a visão de futuro da empresa. Também mostrou sua assistente pessoal para os carros, que estarão nos modelos a partir de 2019. O Intelligent Personal Cockpit inclui reconhecimento de voz através da tecnologia SoundHound, uma assistente pessoal com inteligência artificial e tecnologia de internet das coisas. Algumas possibilidades das ferramentas: operação de acessórios dos veículos, reconhecimento de múltiplos comandos de uma vez, e conectividade com tecnologias de smart home. Outra novidade é o Wellness Care, que monitora o nível de stress do motorista através de biosensores.
Outra novidade do mundo dos automóveis foi o Byton, veículo inteligente chinês mais barato que os modelos da Tesla. O sistema interno do carro pode ser ativado por touch screen ou comando de voz, com reconhecimento facial.
A Consumer Electronics Show (CES) vai até sexta-feira, 12. Reúne 184 mil pessoas, 4 mil empresas e 1,2 mil palestrantes.
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