O semanário francês Charlie Hebdo divulgou a capa da primeira edição que circulará após o atentado que vitimou 12 de seus profissionais. A imagem foi publicada no Twitter do jornal Libération, que cedeu a redação para que os sobreviventes do ataque pudessem trabalhar na nova edição.

Serão produzidos três milhões de exemplares (veja atualização abaixo), dos quais pelo menos 300 mil serão traduzidos para seis idiomas – normalmente eram distribuídos 60 mil por edição. Anteriormente, a expectativa era de um milhão de exemplares, mas a comoção internacional diante do fato e a ajuda de outros veículos de comunicação possibilitaram o aumento da oferta.

A charge da capa é assinada pelo cartunista “Luz”, que relatou ter escapado do atentado somente porque chegou atrasado para a reunião de pauta no dia em que os terroristas invadiram a sede do semanário. A imagem retrata Maomé segurando um cartaz com a mensagem que roda o planeta desde a última semana: “Le suis Charlie (Eu sou Charlie)”. A manchete que companha a charge ainda diz em francês: “tudo está perdoado”.

A publicação foi atacada pela primeira vez em 2011 depois de ter publicado charges que retratavam o profeta Maomé, que segundo a tradição islâmica não pode ter sua imagem reproduzida. No entanto, o semanário sempre lutou contra essa pressão por defender o direito de se expressar contra ou a favor de qualquer religião, ideologia e fatos históricos ou atuais.

O lançamento da primeira edição pós-atentado da Charlie Hebdo superou as expectativas. Segundo relatos da mídia francesa, desde a madrugada desta quarta-feira (14), filas foram formadas em frente às bancas de jornal do país. A tiragem, que já era o recorde da publicação que normalmente circulava com 60 mil exemplares, foi aumentada de três para cinco milhões. O site de leilão virtual Ebay já oferece cópias que chegam a custar R$ 3 mil – o preço normal de capa fica em cerca de R$ 10.

*Atualizado em 14/01, às 10h40