Não se esqueça da minha Caloi, campanha criada pela house agency Novo Ciclo nos anos 1970, ficou gravada no imaginário infantil e popular e faz remissão a pais esquecidos de um dos presentes mais emblemáticos na cesta de fim de ano. Hoje, bike é sinônimo de qualidade de vida, mobilidade urbana no trânsito caótico de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, qualidade de vida.

Ciclofaixas e ciclovias estão em ascensão. A pioneira Bradesco Seguros está comemorando seis anos do seu projeto “CicloFaixa de Lazer”, que contabiliza 120,7 quilômetros de vias demarcadas na capital paulista, uma média de 120 mil pessoas pedalando aos domingos e feriados, cerca de 19 mil cones de segurança e pontos estratégicos com o serviço SOS Bike, que faz consertos gratuitos para os praticantes das pedaladas do bem.

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O Itaú disponibiliza aluguel de bicicletas na cor laranja em São Paulo e no Rio de Janeiro, com preço subsidiado. O projeto teve início na capital fluminense e ajudou a marca a estreitar o relacionamento com a cidade, como costuma enfatizar o publicitário Nizan Guanaes, um entusiasta da ideia, que ajudou a construir o branding do banco nos últimos 20 anos.

Em São Paulo, a bicicleta não desfila apenas pelos espaços destinados ao veículo. Ela é tema de discussões que vão desde segurança, subtração de vagas, lojas que alegam ter perdido clientela com as ciclofaixas, críticas ao prefeito Fernando Haddad etc. Uma pesquisa encomendada pela nova/sb ao Instituto Ilumeo apurou esse contraditório. O diretor de planejamento da agência nova/sb, o executivo Sergio Silva, elenca alguns itens que provocam questionamentos: ciclistas vão ser alvos fáceis de bandidos, respiram mais poluição, aqui (São Paulo) não é Europa, projeto elitista, topografia péssima e algo para longo prazo.

“As pessoas demonstram que a preocupação com mobilidade nas metrópoles causa estresse. Quem tem smartphone usa Waze e Google Maps, para ver o melhor deslocamento. Em ônibus, utiliza o Moovitz, que indica o tempo da viagem, o horário de chegada nos terminais e o trajeto. As ciclovias são necessárias. Em São Paulo, elas começam a ser ocupadas. É um processo irreversível. Em Bogotá, já são 359 km de ciclovias; a Cidade do México já ultrapassou os 100 km. Não podemos esquecer que a Holanda e a Dinamarca, países que são identificados como amigáveis à bicicleta, foram radicalmente contrários à implantação. O legal é que a ciclovia se integra a outros meios de mobilidade”, diz Silva, que atende, na agência, à Prefeitura de São Paulo.

Por outro lado, ambientalistas e especialistas em mobilidade urbana consideram inevitável a consolidação da bicicleta como meio de transporte. “A aceitação é progressiva. O ponto de partida vai conduzir à humanização. Como o trânsito só piora, a bicicleta vai ser alternativa. A estação Fradique Coutinho do metrô paulistano foi inaugurada com bicicletário. Outras estações estão adotando o modelo. São Paulo e outras cidades passaram a ter bares temáticos. Não tem volta”, acrescenta o diretor da nova/sb.

Assim como o skate, a bike está introduzindo um novo conceito de cultura urbana. Bares, lojas, parques e cafés passaram a servir de ponto de encontro e convivência. O Las Magrelas, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, é um espaço multidisciplinar com café, oficina, bar e galeria de arte. Esse coletivo ainda incrementa festas, gincanas e rodadas de videogame. No mesmo bairro, tem o KOF (King of the Fork), um café que une bike-lovers. Pertinho desses espaços foi inaugurado, há dois meses, um bicicletário no Largo da Batata.

A frota nacional de bicicletas é superior a 70 milhões de unidades. São comercializadas cerca de cinco milhões por ano. A tendência é de crescimento. O modismo ampliou o volume de bike-entregas em pizzarias, restaurantes e farmácias. Em São Paulo, o fechamento da Av. Paulista aos domingos intensificou o volume de clientes em lanchonetes, shoppings e food trucks. A Sodexo passou a patrocinar o Papai Noel de Bike em São Paulo.