O que acontece em Las Vegas, fica em Las Vegas, certo? Nada, quando o assunto é CES, tem sempre uma revista bacana como essa pronta pra publicar o que de melhor se passou por lá (e que seja publicável). Então, aqui vão as 5 coisas eu aprendi na minha primeiríssima ida ao evento:

 

1 – Ainda que encorajado pelos amigos e por uma despretensiosa sequência de Negronis, não aposte 10 mil dólares no 27 vermelho na roleta as 2 da manhã no seu hotel.

 

2 – Nenhum setor vai se transformar mais do que o de saúde nos próximos anos. Tendências como virtual care (consulta ou assistência remota como a que é feita pelo Pillo Health – www.pillohealth.com), hospital em casa e wearables – que monitoram a sua saúde onde quer que você esteja ou até agem no seu corpo de acordo com os dados que coletam -, vieram pra ficar. Com os wearables, os dados, que eram acessíveis apenas aos médicos através de equipamentos caríssimos, farão cada vez mais parte do cotidiano dos pacientes, munindo eles de informação para tomar decisões no dia a dia e discutir o tratamento com seus médicos. Nesse contexto, um dos produtos médicos que me chamou a atenção é um W DFree (dfree.biz/en/), ultrassom wearable que mede o volume da sua bexiga em tempo real e avisa a pacientes com incontinência urinária a hora exata de dar uma passada no banheiro. Tem também o OMROM (omronhealthcare.com), tipo de relógio bacanudo que mede a sua pressão continuamente. E o Yo Home Sper Test (www.yospermtest.com) que acopla um microscópio à câmera do seu celular pra te dizer se a quantidade e mobilidade dos seus espermatozoides estão adequadas.

 

3 – Quanto mais invisível a tecnologia, melhor ela é. E eu não tô falando da Window TV (www.techradar.com/news/first-the-wall-now-the-window-samsung-patent-points-to-transparent-tv), aparelho totalmente transparente da Samsung que roubou atenção por lá. Nem da Alexa ou Google Assistant, tecnologias invisíveis de voz que dominaram os estandes do evento e já facilitam a nossa vida na hora de interagir. Mas tô falando do produto mais premiado no CESAwards, chamado Impossible Burger 2.0 (impossiblefoods.com/newrecipe/) que faturou os prêmios de: o mais impactante, mais inesperado e melhor dos melhores produtos da CES. O que é? Um hambúrguer sem carne, feito de soja que quem comeu jura que é tão suculento e saboroso quanto um bom hambúrguer de picanha. Tem muita tecnologia no desenvolvimento dele para chegar no sabor, na proporção de gordura e textura certos. Mas você não vê a tecnologia, então, mesmo se não for vegetariano, pode comer de olhos fechados. 

 

4 – Com o avanço da tecnologia e conectividade, privacidade vai ser mesmo a grande treta do futuro. A quem pertencem os dados da geladeira inteligente (news.samsung.com/global/samsung-debuts-a-new-standard-in-connectivity-with-next-generation-of-family-hub-refrigerator-at-ces-2019) que monitora tudo o que você come e gera lista de compras automatizadas pra repor? À Samsung, que, teoricamente, poderia vender sua listinha pro Carrefour? Ou a você? E os dados do carro autônomo, que sabe que você estava onde não devia naquela quinta à noite de repouso e gripe? Num mundo em que tudo vira dado, dá pra dizer que seremos todos como o bebê do Babeye (www.babeyes.com), device que filma tudo o que o bebê faz durante o dia do ponto de vista dos pais pra eles terem as primeiras memórias pra sempre. A diferença é que, no caso dos dados sobre a gente, não podemos contar que empresas com fins lucrativos terão as mesmas boas intenções que os nossos papais. Que venham, então as regulações. E que, enquanto elas não chegam, empresas adotem posturas éticas mesmo que ainda não sejam obrigadas.

 

5 – Você não achou que eu realmente apostei 10k no cassino, né? ; )

* Chief Creative Officer da Rapp em Nova York