A produtora carioca Cinerama Brasilis coproduziu o curta brasileiro-libanês Apelo, escrito, dirigido e estrelado por Bechara Mouzannar, CCO da Leo Burnett MENA (termo em inglês para Oriente Médio e Norte da África). Mouzannar, que é neto de uma brasileira, comanda desde 2011 a criação de 18 agências na região, entre elas a de Dubai, onde trabalha o diretor de criação brasileiro André Nassar. Foi Nassar que intermediou os contatos entre Mouzannar e a produtora.
Mouzannar já dirigiu mais de 100 comerciais no passado, durante os três anos em que foi diretor, antes de entrar na Leo Burnett em Beirute, nos anos 1990. Considerado um dos profissionais que elevaram o nível criativo da produção publicitária no Oriente Médio, ele considera o curta uma espécie de homenagem à sua história com o Brasil. Segundo o criativo, todo mundo tem uma história para contar.
“Na vida, tudo acontece por algum motivo. No curta, eu mostro como uma lembrança de infância torna-se, repentinamente, um catalizador, uma solução para um problema”, declara Mouzannar.
O filme retrata um turista libanês (ele mesmo) que chega ao Rio de Janeiro pela primeira vez e encontra um cenário um pouco sombrio, chuvoso. Ao sair, é assaltado e, no desespero, começa a cantar Felicidade, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, sua única lembrança em português dos tempos de infância em que frequentou a casa da avó brasileira. Os assaltantes não só começam a cantar com ele, como desistem do assalto e lhe devolvem o dinheiro. Por sinal, o curta é dedicado aos dois compositores (Tom e Vinícius) e ainda a Baden Powel.
“O (André) Nassar me contou sobre a intenção de Mouzannar de rodar um curta no Rio e eu disse a ele que tinha interesse em filmar. Fui a Dubai e decidi fazer. É uma coprodução com o Líbano, pois contou com investimentos da Abbout Productions, do produtor libanês Georges Schoucair”, conta Mário Nakamura, sócio e produtor da Cinerama Brasilis.
Segundo ele, as filmagens foram realizadas em 2014, em 4K, e a finalização do material foi feita no ano passado. Toda a trilha foi produzida pela Nova Onda. O próximo passo é inscrever o curta em festivais pelo mundo. Nakamura vem buscando investir em novos formatos de conteúdo, e esse é um dos primeiros projetos do gênero.
“Há dois anos planejamos a transição do nosso posicionamento para produtora de conteúdo e estamos na metade da implementação. Afinal de contas, a propaganda, que sempre foi o nosso principal negócio, também busca novos formatos”, diz o produtor.
Da mesma forma, Mouzannar pretende futuramente dirigir longas. Nakamura conta que ele possui uma cinemateca de mais de 8 mil títulos, sendo que cerca de 500 são brasileiros.
“Foi curioso conhecer um estrangeiro com tanta curiosidade e interesse pelo cinema brasileiro”, comenta Nakamura.