A classe C está empreendendo mais e conseguindo se virar bem na crise. Os dados que confirmam esse otimismo fazem parte de uma análise realizada pelo Instituto de Pesquisas Data Popular sobre o perfil do consumidor brasileiro e as adaptações do varejo às aspirações da nova classe média. Para aumentar a renda, 73% da Classe C afirmaram já ter realizado alguma ação e tomado medidas para ampliar os ganhos.
A massa de renda da Classe C movimentará R$ 1,35 trilhão no ano, afirma Renato Meirelles, presidente do Data Popular. Ele realiza um workshop nesta quinta-feira (10), no Cantareira Norte Shopping, para estimular as oportunidades de negócios disponíveis aos empreendedores e ao setor varejista. Segundo ele, existe um ‘outro lado da crise’, onde as classes C e D estão fazendo ajustes fiscais domésticos e empreendendo mais. Além disso, 9 em cada 10 brasileiros da classe C já mudaram seu comportamento para conseguir diminuir seus gastos.
O instituto considera como Classe Média a renda familiar per capita que varia, aproximadamente, de R$ 537 a R$ 781 por mês. Essa classe é, segundo Meirelles, 54% da população do país. “Vemos um movimento para transformar limão em limonada, e isso é muito positivo. As mulheres estão liderando o processo de administração das contas familiares e estão economizando para não gastar mais do que ganham”, explica.
Entre os dados levantados, a maioria da Classe C afirma fazer bico (62%) ou hora extra (51%) para aumentar a renda. Dentro das economias, isso não significa que estão buscando apenas preços menores. Meirelles acredita que há uma procura por boas experiências e pacotes de serviços que sejam vantajosos. Manter o padrão de vida conquistado há alguns anos é importante para essa parcela da população, que não quer retroceder em seus hábitos de consumo.
Os shoppings aparecem, assim, como uma das opções mais procuradas pela Classe C quando desejam fazer compras. “O pacote de benefícios oferecidos por um shopping, por exemplo, inclui estacionamento, praça de alimentação, entretenimento, ar condicionado, benefícios que fazem diferença para essa classe que passou a consumir esses serviços e faz questão de mantê-los”, analisa Meirelles.
Além da ampla pesquisa de preços, a população está se baseando na propaganda boca a boca para decidir as compras. Estão procurando, ainda, opções de parcelamento sem juros nos cartões de crédito. A pedalada fiscal doméstica, como classifica Meirelles, acontece com 47% da Classe C, que fizeram rodízio de contas no último ano, deixando de pagar algumas delas.
“Está na hora de empreender. Abrir negócios e apostar em shoppings é uma boa forma de atingir essa classe C, que continua com altos níveis de consumo. Dois setores ainda não sentiram o baque da crise, que são os eletrodomésticos e os produtos de beleza. Eles continuam crescendo e apresentam boas oportunidades para quem quer estabelecer suas marcas”, afirma Meirelles.