A criatividade mágica precisa dar espaço àquela eficaz, associada à estratégia e ao resultado, defendeu a mesa “Criatividade e Sucesso”, coordenada por Alexandre Gama, da Neogama/BBH na manhã desta terça-feira (29), durante o V Congresso Brasileiro da Indústria da Comunicação.
O painel reuniu para debate o artista plástico Vik Muniz, o chef Alex Atala e Cláudio Santos, vice-presidente comercial e de marketing da Geo Eventos. “A criatividade não pode ser encarada com romantismo, a la ‘Mad Men'”, disse Gama, citando a série norte-americana de Matthew Weiner. “Ela é o eixo da indústria da comunicação, é um insumo, precisa ser valorizada e trabalhada”, reforçou.
A proposta central da comissão é que o mercado evolua da criatividade original para a eficaz, criando um produto estratégico criativo. “Criar é uma atividade especializada, técnica e altamente profissional. A estratégia é que leva ao sucesso”, disse Gama.
Um dos pontos críticos para o painel é o descompasso entre criação de ideias e a compra do insumo. Uma das recomendações da mesa é que as organizações setoriais Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade) e ABA (Associação Brasileira dos Anunciantes) estabeleçam uma agenda comum que envolva treinamento do lado do mercado anunciante para formar profissionais com preparo adequado para aprovar ideias nos setores de comunicação.
A comissão também propôs a incorporação da disciplina “Criatividade” na grade curricular das universidades de comunicação. “Embora ela não seja algo que possa ser aprendida como elemento de formação, é necessário que seja ministrada como elemento básico de informação”, descreve trecho da tese desenvolvida. A equação custo x benefício também foi abordada pela mesa, que acredita que o valor da criatividade vem sendo tratada de forma “inadequada e predatória”. As mesas de compra dos anunciantes também foi alvo de críticas (leia aqui). “Precisamos montar uma mesa de vendas”, argumentou Gama.
Ideia comercial
Recentemente eleito dono do quarto melhor restaurante do mundo pela revista Restaurant, o badalado chef Alex Atala destacou que seu trabalho precisa do fator utilidade para ter aprovação do cliente. “Crio com técnica. Tento me colocar como quem recebe aquele sabor. Numa cadeia de produção, em um caos organizado que é a cozinha de restaurante, descobrimos que uma equipe trabalhando com ordem é muito importante”, disse.
Vik Muniz defendeu a arte com preço. “Quer ofender um artista? Chame-o de comercial. Mas qual artista não é comercial?”, questionou. “É bom que arte seja cara. Se fosse barata, as pessoas jogavam fora. O cara pensa ‘imagine, paguei uma nota nisso, vou guardar'”, brincou.