Com os impactos provocados pela pandemia do coronavírus, o papel das agências de marketing foi somado à reconfiguração dos modelos de negócio, em sintonia com a evolução das necessidades e valores dos comunicadores. A afirmação foi feita no Lions Live 2020 e divulgada pela Go Ad.

O evento analisou iniciativas como o desenvolvimento de novos produtos, impacto social e inovação, e ainda discutiu os principais desafios e aprendizados do marketing diante desta crise sem precedentes que estamos vivendo.

A mudança nos hábitos de consumo e as expectativas da sociedade evidenciam o papel do marketing de mostrar seu poder de engajar pessoas, garantir relevância e impulsionar vendas, questões essenciais para agências de marketing bem-sucedidas. Ainda de acordo com a Go Ad, a análise de dados pode garantir respostas rápidas e eficazes à sociedade em tempos de crise.

Mas não basta obter essas informações, é importante saber como usá-las. Nesse contexto, uma das melhores formas de inovar e criar ações efetivas é levar em consideração os insights do cliente transmitindo emoção e estimulando conversas relevantes. Aqui podemos observar a transição da análise de KPI (Key Performance Insights) para KBI (Key Behavior Indicator) – indicador de comportamento. Esse é um momento particularmente interessante para a comunicação.

De acordo com o Guia ABA de Boas Práticas do Relacionamento entre Agências de Publicidade e Clientes, a proximidade entre as equipes gera relações de confiança, facilitando a dinâmica de produção de campanhas e peças, além de economizar tempo e recursos de ambas as partes – cliente e agência.

Ainda segundo o guia, a história de desenvolvimento econômico e empresarial reserva à publicidade de qualidade lugar nobre na galeria de destaques. Na maioria dos casos, a integração entre principais executivos e a equipe de marketing do cliente com o time da agência influencia diretamente na eficiência das ações de comunicação – e na alegria de se trabalhar juntos!

O sucesso das empresas deixou de ser medido apenas pelos ganhos financeiros, devido à crescente pressão de investidores e consumidores para que sejam consideradas, também, métricas de crescimento como impactos ambientais, boa governança e felicidade dos funcionários. A responsabilidade social e ambiental já estava na pauta das corporações, mas espera-se posturas e ações mais significativas e efetivamente transformadoras, principalmente, das agências de marketing no pós-Covid-19.

Um estudo realizado pela agência The Heart, em parceria com a Bistrô Estratégia, projetou as possibilidades para o relacionamento entre agências de marketing e clientes. De acordo com o levantamento, que ouviu heads de marketing de grandes anunciantes como P&G e Unilever, associadas da ABA, 50% dos clientes que possuem contrato de fee – pagamento mensal – afirmaram que devem mudar essa relação no pós-coronavírus. Na pesquisa, os clientes reforçam que é necessário olhar para a linha de investimento em agências e repensar essas relações. O custo-benefício é o item mais relevante para 26% dos participantes. Eu tenho convicção que você, profissional de marketing e comunicação, já sabe qual palavra define 2020: reinvenção. Mas, para a nossa surpresa, ela, por si só, não é suficiente.

Este ano de 2021 já nasceu marcado pela estruturação de novos processos, que vão exigir das agências de marketing ideias pautadas na transformação digital, adequação das empresas à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), ao propósito das marcas e à diversidade das equipes.

Reconfigurar modelos de negócios não é tarefa fácil, mas vale para todos os envolvidos e merece reflexão.

Nelcina Tropardi, Presidente da ABA e vice-presidente e cofundadora da Arcamais (nelcina@arcamais.org)