Os responsáveis pelas estratégias digitais do Estadão, Folha de S. Paulo, Globo e UOL discutiram na manhã desta segunda-feira (11), durante painel na conferência Digital Media LATAM 2019 que acontece no Rio de Janeiro, a experiência de cada veículo na transição para o digital, os aprendizados na transformação organizacional e como eles estão se preparando para 2020.
Moderada por Lucas Moretti, customer success manager da empresa Chartbeat, a conversa começou com a pergunta principal do encontro: as expectativas para 2020. Segundo Maria Fernanda Delmas, editora executiva de O Globo, há dois objetivos principais para o veículo: nacionalização e como fazer isso de forma personalizada. “De uma maneira que atenda melhor os anseios de quem está lendo. Uns gostam mais de esporte, outros mais de política. Temos desenvolvido ferramentas e processos de trabalho para garantir a nacionalização personalizada”, afirma.
Já na Folha de S. Paulo, o objetivo é ser “excelente” nas métricas qualitativas. “Não queremos executar nada com achismos”, afirma Camila Marques, editora de digital e audiência do jornal.
Leonardo Cruz, editor de digital do Estadão, diz que o veículo quer intensificar “algo que a gente aprofundou em 2019”, com as mudanças na redação precedidas das mudanças no setor comercial.
Já no UOL, o objetivo é que cada editoria seja “referência naquilo que ela faz”, conforme explica Irineu Machado, general manager for news da empresa. “A gente já reformulou o sistema da redação pra produzir impacto e conteúdo exclusivo. A tendência é crescer em volume, isso que estamos fazendo hoje”, afirma.
O caminho para o sucesso dos veículos jornalísticos passa obrigatoriamente pelas métricas. “A redação da Folha trabalha olhando pra métrica de forma muito consistente e diária desde 2012”, explica Camila. Mas ela alerta: é preciso inteligência para analisar os números.
Muitas vezes ser o mais lido não significa que a matéria é a melhor. “O mais importante sobre métricas é saber exatamente o que você espera de cada tipo de conteúdo. Você pode ter os mesmos sintomas que o vizinho, mas precisa de um remédio diferente”, exemplifica.
Machado faz comentário semelhante. Para ele, é preciso “treinar o olhar da redação para a maneira como eles leem as métricas”. Segundo o general manager, se um conteúdo não entra na lista das mais lidas, isso não significa que ele não seja importante.
“Todos na redação hoje têm acesso a métricas. […] A gente avalia tudo que fazemos e com isso temos a noção de distribuição de esforços. Analisamos conteúdos que apesar de não ter bombado em audiência, teve engajamento e merece ser continuado”, explica Machado.
Outro ponto mencionado pelos presentes foram os erros. Sim, porque mesmo baseado em dados, você ainda poderá errar. O Globo, por exemplo, tentou fazer duas homes, uma para o Rio de Janeiro e outra para o resto do Brasil: não deu certo. A Folha de S. Paulo tentou mudar a maneira como dá as notícias em seus stories no Instagram e foi um “fracasso retumbante”.
“É muito difícil prever 100% o comportamento de um conteúdo. […] Nem sempre tudo vai dar certo. Que a redação não se sinta intimidada. Inovação é assim mesmo. Você se cerca de métricas e planejamento, mas tem horas que aquilo não se prova bem-sucedido e você tem que aprender e partir pra outra”, finaliza Maria Fernanda, de O Globo.