Sobre a crise econômica de agora, só é possível ter uma inabalável certeza: essa não será, de forma alguma, a última que enfrentaremos. Crises acontecem, e isso de fato pode atrapalhar muitos planos já traçados. Só que elas se repetem em intensidade e complexidade cada vez mais desafiadoras e precisamos olhar o lado positivo: são também excelentes para chacoalhar nossas certezas e nos mostrar que nossas vidas e nossos mercados estão em constante movimento.

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Crises podem ser temporais, causadas por fatores ou acontecimentos específicos, mas também podem ser diárias e um tanto menos ruidosas. Falo com a segurança de quem, no dia a dia, lida com a frenética transformação que a era digital impõe aos negócios, às vendas e, no meu caso específico, à comunicação com os consumidores em um mercado complexo e competitivo como o de telecomunicações. Mas não é só o cenário que muda. Nós mudamos com ele.

Os profissionais contemporâneos estão em constante transformação, principalmente quando o novo e o desconhecido se sobrepõem e vão nos exigir mais do que talento e competência. A flexibilidade e a receptividade com que lidamos diariamente com esses desafios nos tornam completos, capazes de enfrentar o que o mundo nos reserva. Na comunicação não é diferente. Precisamos ser dinâmicos, ousados e rápidos para não perder oportunidades em meio ao incerto, ao improvável e, às vezes, até ao impossível.

Não seria exagero pensar que, para profissionais de marketing, a crise é um estado permanente, não uma situação excepcional em que despesas precisam se espremer para caber em orçamentos. Por natureza, a atividade de um profissional de comunicação e mar- keting, que usa recursos de uma instituição para direcionar conteúdo na mídia e impactar determinados públicos, é uma trajetória cercada de riscos e pressões para adequar o “ideal” ao “real”.

Tudo isso ao mesmo tempo em que concorrentes tentam exatamente o mesmo. Aliás, a concorrência é um dos principais termômetros do mercado. Precisamos sempre entender as expectativas do consumidor e buscar estar em movimento, evitando qualquer tipo de estagnação. Em paralelo, as demais empresas agem da mesma forma, o que nos exige rapidez e eficiência em todas as ações e estratégias. A inovação é o que nos diferencia no setor, mas manter essa característica em tempos de crise é um tanto quanto desafiador.

Por isso, precisamos aprender a lidar não só com as derrotas, mas também com as vitórias, pois cada passo dado é o que permite chegarmos onde queremos e ter a certeza de qual caminho trilhar. É primordial apresentar às equipes quais são as oportunidades do cenário em que vivemos, por mais complicado que ele seja. Assim, cada um, dentro de sua especialidade, pode refletir sobre como pode melhor contribuir e somar para o resultado final de toda a empresa, consciente e alerta aos riscos de fatores externos.

Conquistar posições em um mercado, mesmo que estável, é algo extremamente desafiador. Num contexto de grande instabilidade, põe-se em xeque a real capacidade de uma equipe de não sucumbir e, se possível, tirar proveito do caos diário. O cenário macroeconômico e as revoluções – como a da comunicação na era digital – nos lembram de que a melhor estratégia de sobrevivência é manter as nossas convicções em crise permanente.

Vivenciar a crise, e saber aproveitar os ventos contrários como os de agora, é, antes de tudo, um enorme aprendizado. Acredito que toda a experiência, os erros e os acertos podem me impulsionar para passar por qualquer desafio mais segura de que posso desenvolver o meu trabalho ainda melhor, sempre. Se você, assim como eu, tiver enfrentado outras crises e tiver saído delas um pouco mais forte e experiente, saberá exatamente do que eu estou falando.

Lívia Marquez é diretora de advertising e brand management da TIM Brasil